Copa do Mundo mexendo com a saudade

Confira a coluna desta quarta-feira (14) do comentarista Tom Barros

Os anos vão passando e o homem nem percebe a velocidade da vida. Faz 32 anos que fui cobrir a Copa da Itália em 1990. Equipe da Verdinha: eu, Carlos Fred e Sérgio Pinheiro. Quem se juntou ao grupo foi Gilson Melo, que cobriu para a Rádio Poti de Natal. A base foi em Turim. Os treinos da Canarinho aconteciam na cidade de Asti. Foram momentos encantadores. O Brasil passou bem pela fase de grupos. Ganhou da Suécia (2 x 1), da Costa Rica (1 x 0) e da Escóssia (1 x 0). Nas oitavas de final, enfrentou a Argentina, que, quatro anos antes, em 1986, tinha sido campeã da Copa do México. O genial Maradona simplificou: passe perfeito para Caniggia marcar Argentina 1 a 0. O Brasil ainda teve a chance do empate nos instantes finais, mas Muller perdeu. A meu juízo, a Canarinho não me pareceu unida. Havia nítidos sinais de ranços entre os jogadores que atuavam na Europa e os que atuavam no Brasil. Foi uma experiência dolorosa. Agora, 32 anos depois, volto ao túnel do tempo. Parece que estou entrando no Hotel Due Mondi, na Via Saluzzo, nº 3, em Turim. Fico nostálgico: Sérgio Pinheiro e Carlos Fred já estão no plano superior. Resta a imensa saudade. Vida que segue. 

Lembranças 

Vários radialistas cearenses e de outros estados nordestinos estiveram lá. Wilton Bezerra, Carlos Silva, Foguinho e Gilson Melo, que cobriu para a Rádio Poti de Natal. Na equipe da Rádio Jornal do Comércio estavam o narrador Roberto Queiroz, o repórter Pedro Silva e o comentarista Luís Cavalcante. Detalhe: Luís Cavalcante morreu em 2017. Queiroz morreu em julho do presente ano.   

Maradona 

Jamais esquecerei a entrevista de Diego Maradona, após a vitória sobre o Brasil. Foi a única vez que vi bem de perto esse ídolo argentino. Ele estava no auge da carreira. Tinha sido o melhor da Copa de 1986 no México, quando ganhou o título mundial. Anos depois, acompanhei o drama dele com as drogas. Polêmico. Às vezes, confuso. Em campo, um dos maiores craques de todos os tempos. 

Narrador 

Foi na Copa da Itália que conheci o Pedro Luís, famoso narrador que ouvi pelo rádio, na conquista do primeiro título mundial pelo Brasil em 1958 na Suécia. Em 1958 eu tinha sete anos. Minha empolgação pela narração dele e de Edson Leite (que não conheci) teve grande influência na minha decisão de seguir a carreira de narrador. O papo com o Pedro Luís foi emocionante.  

Duas perdas 

Na Copa da Itália, dois famosos nomes da crônica esportiva brasileira morreram. O comentarista Ruy Porto (62 anos), que estava lá para a cobertura da Copa, morreu em Roma no dia 04 de maio de 1990, vítima de ataque cardíaco. Quem também morreu em Roma, no dia 12 de julho de 1990, foi o notável comentarista João Saldanha. Ainda vi Saldanha na Itália, ele já em cadeira de rodas. 

Não entendi 

O Estádio Delle Alpi, em Turim, com capacidade para 69 mil torcedores, foi construído em 1988 para a Copa do Mundo de 1990 na Itália. O Brasil fez nele seus quatro jogos. Estádio lindo. Pois esse estádio foi demolido em 2008, vinte anos depois. Demolido para a construção de um mais moderno, mas com capacidade bem inferior: agora apenas 41.507. Não entendi.