'Pink tax' é a desigualdade de gênero nos preços

Você já reparou que os produtos para as mulheres tem um valor mais alto que os produtos masculinos? A taxa rosa ou o “pink tax” afeta nas finanças da mulher

Legenda: Pink Tax.
Foto: Reprodução

Esse fenômeno, conhecido como "pink tax", diferencia, de forma discriminatória para as mulheres, o preço de produtos por elas consumidos majoritária ou exclusivamente.

O tema é discutido internacionalmente há quase 30 anos, mas, apenas, recentemente, a preocupação vem sendo levantada no Brasil. Em pesquisas realizadas no estado do Pará, identificou-se preços superiores para as versões femininas em 54% dos mais de cem produtos pesquisados, com um aumento de até 51% em detrimento das mulheres. “Essa é questão mercadológica, por vezes, tem origem tributária. Alguns produtos, tais como absorventes higiênicos, que são utilizados exclusivamente por mulheres durante quase toda a vida adulta, em razão de uma condição biológica infestável, sofrem uma carga tributária de cerca de 27,5%.”, esclarece a professora e membro do Columbia Women’s Leadership Network in Brazil, Lisi Tupiasu.

Lisi Tupiasu.
Legenda: Lisi Tupiasu.
Foto: Arquivo pessoal

Lisi Tupiasu é doutora em Direito pela Université Toulouse 1 - Capitole. Mestre em Direito Tributário pela Université Paris I, Panthéon-Sorbonne. Mestre em Instituições jurídico-políticas pela Universidade Federal do Pará. Mestre em Direito Público pela Université de Toulouse I - Capitole. Professora da Universidade Federal do Pará - UFPA e do Centro Universitário do Estado do Pará – CESUPA. Procuradora Federal. Membro do Columbia women’s leadership network in Brazil

Diante da falta de razoabilidade da imposição de um tal custo tributário, exclusivamente, sobre pessoas do sexo feminino, alguns países, como Alemanha e França, vêm reduzindo a tributação sobre absorventes. No Brasil, o Estado do Rio de Janeiro, também, adotou tal medida, inserindo os absorventes dentre os produtos essenciais para a composição das cestas básicas.

Lisi Tupiasi explica, ainda, as SiSi Lovers que: “é possível a cada Estado, tomar medidas semelhantes àquela que foi tomada no Rio de Janeiro, do ponto de vista tributário, incluindo, por exemplo, produtos de uso exclusivamente femininos como os absorventes, dentre aqueles considerados essenciais. É preciso, também, que as pessoas sejam conscientizadas sobre esse tema, para não comprarem as versões idênticas às masculinas quando as femininas são mais caras simplesmente por serem cor de rosa”.

Produto destinado ao público feminino com um valor registrado na segunda, 24 de maio, em Fortaleza.
Legenda: Produto destinado ao público feminino com um valor registrado na segunda, 24 de maio, em Fortaleza.
Foto: Reprodução

O mesmo produto só que destinado ao público masculino com valor bem inferior, também registrado no mesmo dia, 24 de maio de 2021, no mesmo estabelecimento, em Fortaleza.
Legenda: O mesmo produto só que destinado ao público masculino com valor bem inferior, também registrado no mesmo dia, 24 de maio de 2021, no mesmo estabelecimento, em Fortaleza.
Foto: Reprodução

Verifica-se que não há motivo para que um mesmo produto seja mais cara para um gênero do que para o outro, simplesmente porque as mulheres tem a fama de "gastonas". Isso é ultrapassado!

Na verdade, as mulheres precisam estar cada vez mais atentas a esse tipo de conduta imposta por um mercado para aquisição de bens de consumos apenas por estarem mais adaptados ou melhor embalados para elas!

Abra os olhos para esse movimento consumerista e preste atenção, a partir de agora, a todos os produtos que tem a mesma destinação para os homens na hora que for consumir. Encantamento à parte, o bolso da mulher agradece!



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