Parece-me que ser solidário precisa ser noticiado. Então, comecei a refletir e filtrar sobre as notícias que chegam até mim tratando do tema solidariedade. O que realmente é solidário? Qual a intenção da divulgação de gestos de amparo em boas ações para com o outro? Até que ponto a propagação da ajuda tem a finalidade de divulgar a boa ação e estimular outras pessoas a fazerem o mesmo ou seria apenas uma jogada de marketing pessoal, com o objetivo de sair bem nas mídias?
Juro que tenho refletido bastante e, se não me faz sentir, não faz sentido.
A virtude fundamental, para mim, parece ter desaparecido: a humildade. Uma questão muito ligada a quem usufrui do sucesso, porque consegue desafiar a vaidade e manter-se na essência humana e em equilíbrio emocional para que fatores externos (pessoas e coisas) não interfiram fantasiando uma realidade e ressaltando a arrogância.
Gente precisa de gente para ajudar a ressignificar as coisas. Ninguém é autônomo nessa vida, nem autossuficiente. O que interessa é aquilo que tem valor e valores.
Outro dia, tentava acomodar uma instituição a um projeto social e não consegui pelo simples fato de que, para falar com a pessoa que capitaneia o projeto, tive que passar por uma entrevista para filtrar se era merecedora ter o número de contato telefônico. Zero retorno. Fiquei cho-ca-da!
Pareceu-me que a pessoa com quem pretendia tratar estava com a síndrome da “compliquite complicoso”, síndrome diagnosticada por Jorge Mello, monge zen budista. Doença moderna progressiva, contagiosa e endêmica, onde tudo para ter valor tem que ser difícil e complicado.
Será que é mesmo difícil ajudar quando se está numa condição favorável, investido numa armadura de poder; saber ver com o coração; e acessar o contexto para alinhar com a simplicidade? Acho que não!
Mas, o que eu tenho certeza, é que acessar a simplicidade é difícil, já que o mundo está cheio de heróis, quando ele precisa mesmo é de seres humanos.
DOMINGUEMOS, AMÉM!