'A Barraca do Beijo 2' faz avanços, mas peca pela duração exagerada e muitas sub-tramas no filme

Continuação de um dos longas de maior sucesso da Netflix, o filme traz mais diversão que o anterior, mas ainda desliza no essencial

Legenda: A relação entre Elle e Noah ganha novos contornos nessa sequência, mas perde importância na quantidade absurda de sub-tramas do novo filme
Foto: reprodução/Netflix

Quando foi lançado em 2018, “A Barraca do Beijo” não demorou a se tornar uma das comédias-românticas mais assistidas e comentadas da Netflix. O roteiro do longa, adaptado do livro escrito por Beth Reekles, trazia uma série de clichês já comuns em filmes do gênero e ainda tinha nomes promissores no elenco como Joey King, que conseguiria destaque com maestria na série The Act, e Jacob Elordi, que surpreendeu em Euphoria. Agora, com o lançamento da sequência, os mesmos rostos estão em cena, mas se apresentam de forma um tanto diferente.

De cara, me reservo do direito de deixar bem claro o quanto não havia gostado do primeiro filme da franquia. Os dramas exagerados e a facilidade dos personagens ao manipular a protagonista a tomar determinadas decisões me tiraram do sério, confesso. Mesmo assim, não posso negar ter visto momentos divertidos na amizade entre Elle (Joey King) e Lee (Joel Courtney) ou no romance da mesma com Noah (Jacob Elordi). Neste segundo, alguns pontos positivos se repetem, mas novos negativos também surgem e parecem, inclusive, estar novamente em maioria.

Em “A Barraca do Beijo 2”, o namoro entre Elle e Noah enfrenta uma nova fase com a ida do rapaz para Harvard após a formatura. Ainda no último ano do ensino médio, ela agora também tem que lidar com o relacionamento do melhor amigo e as próprias incertezas em relação ao futuro que deseja construir. É nesse ponto onde talvez se concentre a evolução da história: agora a trama é capaz de conceder uma maturidade maior à personalidade de Elle. Ainda assim, acredito, não é o suficiente para carregar todo o filme.

Legenda: A nova dinâmica da amizade de Elle e Lee também é outro ponto importante no filme
Foto: reprodução/Netflix

Lado ruim

Vamos às críticas antes de tudo, não é mesmo? A principal de todas, pelo menos para mim, pode ser a duração do filme e o desenrolar das histórias apresentadas. Sabe quando tudo parece ter o mesmo peso e, assim, nada ganha a relevância esperada? Então, é isso. Mesmo com tudo correndo de uma forma mais cadenciada que no anterior, muitos personagens se conectam de forma inútil. Ao passo em que vemos Elle deixar o ar adolescente, muitas sub-tramas simples inflam o arco geral, sendo até mesmo capazes de regredir no esforço de transformar a história. No fim, a sensação para quem assiste é a de que um terço poderia ter sido cortado sem grandes perdas -não vou nem dizer que muitas vezes pensei estar assistindo algo interminável-.

Outro lado negativo também continua sendo a capacidade de Elle ao se deixar influenciar. Claro, o longa mostra a jovem ainda amadurecendo as reais intenções, em um processo que, sabemos bem, pode ser devagar. Mesmo assim, a incapacidade da protagonista para tomar uma decisão sobre em que ponto deseja chegar pode ser frustante com tanto tempo de tela. Nesse meio, também some na equação o ponto de vista dela, que persegue todo e qualquer diálogo. Um recurso certamente irritante, mas que se conecta com o lançamento de 2018.  

Lado bom

Nem só pelos pontos ruins o filme pode ser lembrado. Enquanto se desdobra para resolver todos os arcos abertos logo no início, o que realmente o carrega são as interações entre os personagens e, acima de tudo, o carisma passado pelos atores. Joey King, por exemplo, pode ser a grande personificação desse detalhe. Ainda que Elle tenha diversas situações sem graça com as quais lidar, a identificação entre o espectador e o que ela apresenta é algo quase instantâneo. As feições engraçadas da jovem tornam o filme mais leve e até os momentos mais tristes levam a uma proximidade com a protagonista.

Ela e Jacob Elordi continuam formando um bom par, com uma química visível, mas é a relação com o melhor amigo, interpretado por Joel Courtney, que ganha destaque. A troca entre os dois é algo bonito de ver e chega a ser um dos pontos altos de todo o filme.

Como um balanço, talvez seja simples de analisar os principais erros. As grandes pretensões em falar de vários temas em um só filme são exatamente o motivo pelo qual ele perde o encanto. Vale para quem estava com saudade do primeiro, que já nem era tão bom mesmo. Por enquanto, com a confirmação do terceiro, a dúvida deve ser sobre o que ainda há para abordar por meio dessa história. Resta esperar para saber.