O avanço populacional de Fortaleza nos últimos anos, ultrapassando Salvador e tornando a cidade cearense a capital mais populosa do Nordeste e a quarta do País, gera reflexos na economia local.
A intensificação do mercado consumidor deve continuar exercendo influência no médio prazo e pode ser um fator-chave para o desenvolvimento econômico nos próximos anos.
O consultor e professor da Faculdade CDL, Christian Avesque, explica que, há cerca de dez anos, Fortaleza deixou de ser uma metrópole e passou a ser uma megalópole, o que expande a força e a área de influência para os municípios vizinhos da região metropolitana (RMF).
Dessa forma, a pauta econômica da RMF foi se diversificando, mantendo o forte caráter do comércio e serviços, mas ampliando a atuação da indústria e mesmo do agronegócio.
"Nós trouxemos mais indústrias para o polo de Maracanaú e para o Pecém. Isso vai incorporando a economia e impacta o PIB e o crescimento da população, porque quando grandes empresas, multinacionais, se instalam aqui, novos trabalhadores acabam sendo agregados na Capital", esclarece.
Conforme Avesque, um terceiro fator que contribuiu para esse cenário é o forte investimento público realizado nos últimos oito anos em infraestrutura, logística, atração de negócios, entre outros.
O especialista ressalta que também houve um incremento na renda per capita do Estado com o avanço da atividade econômica. No entanto, a distribuição dessa renda ainda acontece de forma desigual, o que ainda é um desafio para as empresas que avaliam iniciar ou ampliar investimentos na Grande Fortaleza.
Esses agentes econômicos vão enfrentar três desafios. O primeiro é o custo de atuar aqui, que vai subir, seja de aluguel, de operação, de mão de obra. O segundo é o logístico, já que temos um transporte rodoviário já estrangulado, que pode recair na agilidade. E a análise do poder de renda e consumo no médio longo prazo".
Avesque detalha que, se a empresa estiver disposta a realizar aportes significativos, tendo em vista o aumento dos custos, e possuir a capacidade de esperar retorno após cinco anos da implantação, a RMF se apresenta como uma grande oportunidade para as mais diversas oportunidades.
"A RMF pode se mostrar um grande oásis para tudo que você possa imaginar. Agora, tudo depende da capacidade da empresa de fazer um aporte maior e apostar que a distribuição de renda vai melhorar e dar maior poder de compra para a população", avalia.
Mercado consumidor
O economista Ricardo Coimbra corrobora que o fato de Fortaleza ser a capital mais populosa do Nordeste a coloca em destaque no quesito atração de investimentos, já que representa um mercado consumidor maior e uma porção de demandas a serem atendidas.
“Se cria, sim, um espaço de atração de investimentos, seja para suprir as demandas desse contingente populacional, com o varejo, por exemplo, ou para qualificar essas pessoas”, explica.
Ele também acredita que isso se reflete não apenas em Fortaleza, mas também nas cidades da região metropolitana, que acabam usufruindo dessa atração de investimentos em função do contingente populacional maior.
Relacionado ou não ao aumento do contingente populacional, aterrissaram em Fortaleza uma série de novos investimentos ao longo dos últimos anos, a exemplo de redes varejistas internacionais, indústrias e outros tipos de negócios no escopo do setor de serviços. Neste ano, por exemplo, a Capital cearense ganhou uma nova rede de supermercados, o Grupo Mateus.
Ainda no campo do varejo, a cidade passou a contar com redes internacionais, a exemplo da Sephora e da Decathlon, que inauguraram em abril deste ano no Shopping RioMar.
Além dos grandes empreendimentos de fora do Estado que foram atraídos para a Capital e RMF, há também o investimento dos próprios cearenses. De acordo com dados do Painel Mapa de Empresas, Fortaleza conta com 282,7 mil empresas ativas. Foram 24,7 mil abertas em 2023 - e 14,8 mil foram extintas.