Live dos governadores com presidente Bolsonaro cercada de suspense

Gestores estaduais se reuniram, ontem, para tratar do encontro de hoje com o presidente. Para eles, o tom da conversa é imprevisível

Os governadores dos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal fizeram, na quarta-feira (20), uma reunião prévia para discutir a videoconferência que ocorrerá, nesta quinta-feira (21), às 10h, com o presidente Jair Bolsonaro. O encontro, em tese, será para tratar do projeto que prevê socorro do Governo Federal a estados e municípios, no valor global de R$ 125 bilhões, entre repasses diretos e suspensão de dívidas dos demais entes federativos com a União e bancos públicos. Os governadores trataram de prioridades e tentaram alinhar assuntos da reunião.

Entre os gestores estaduais, há dúvidas sobre como será o tom da reunião. Chefes dos executivos estaduais entendem que o presidente tem uma postura imprevisível, mas foi consenso que todos querem um encontro ameno e propositivo, sem reforço de divergências. A cobrança é uma só: que o projeto seja sancionado imediatamente e garantida a liberação dos recursos com urgência.

Congelamento de salário

Se o presidente for propor o congelamento de salários dos servidores públicos por 18 meses, como é a defesa do ministro da Economia Paulo Guedes, e outras propostas do gênero, os governadores têm quase consenso para acatar a proposta do presidente. O apoio dos governadores evitaria que um veto presidencial pudesse ser derrubado no Congresso. O governador Camilo Santana é a favor da medida, inclusive já adotou algo semelhante no Estado durante a calamidade.

Sem sucesso

Os governadores, em maioria, consideram, porém, que se a estratégia do presidente for atrelar a liberação dos recursos ao relaxamento de medidas de isolamento social não haverá sucesso na negociação. Há uma reclamação geral da demora do presidente em sancionar a medida de socorro aos Estados, aprovada em definitivo no Congresso no dia 6 de maio. Pelo menos dez governos estaduais terão dificuldade de pagamento da folha salarial ao fim de maio.

Tendências

A renovação do decreto de isolamento social rígido, anunciada ontem, e a informação sobre uma tendência de estabilização dos casos no Ceará confirmam tendências antecipadas por esta coluna na última segunda (18) de desaceleração no número de mortes e de manutenção das medidas. A fiscalização, problema do decreto anterior, será reforçada.

Aposentadoria polêmica

Uma ADI no Supremo apresentada pelo partido Solidariedade questiona a Emenda Constitucional aprovada na Assembleia que viabiliza aposentadoria especial a conselheiros em disponibilidade do antigo TCM. Na terça, foi publicada pelo governador, no Diário Oficial do Estado, a aposentadoria de um deles, Hélio Parente.

Questionamento no MP

Há também inquérito civil no Ministério Público Estadual sobre a emenda da aposentadoria de conselheiros. Hélio receberá R$ 15 mil mensais mesmo tendo renunciado ao cargo, no qual passou apenas oito anos. O TCE herdou sete conselheiros do TCM. Só um integra o pleno. Os demais estão aposentados ou em disponibilidade.