Será difícil privatizar a gigante Eletrobrás

Está escrito no artigo 16, o antepenúltimo da Medida Provisória 2031, que permite a privatização da Eletrobras, o seguinte: “A capitalização da Eletrobras, referida no § 1º do art. 1º, fica condicionada à conversão desta Medida Provisória em Lei”. Ou seja, tudo o que essa MP – saudada com fogos de artifício pelo mercado – propõe de bom só valerá, de verdade, se o Congresso Nacional a transformar em Lei. E não será fácil. Já se lê e ouve um conjunto de opiniões a favor e contra a proposta. A bancada do PT na Câmara dos Deputados discorda da posição do presidente da casa, Artur Lira, que já anunciou que a MP entrará na pauta na próxima semana. “Ele está atropelando o processo de discussão, pois é necessário que se promovam audiências públicas”, diz o deputado Rogério Correia (PT-MG). Glauber Braga (Psol-RJ) considera a MP “um escândalo” porque o governo abrirá mão do controle do sistema elétrico e, por consequência, da soberania no setor, que será entregue “às corporações internacionais” – discurso corporativo e típico de socialistas. 
No Brasil, 60% da geração de energia já são privados; na transmissão, 85% das linhas pertencem também a empresas privadas (no Ceará, são ativos da Enel). Há quem enxergue na MP uma manobra marqueteira do presidente Bolsonaro, que massageou o mercado que se irritara com a decisão de trocar o comando da Petrobras. 

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Trata-se, pois, de mais uma batalha da guerra pelo poder que põe, de um lado, as forças da oposição e da grande parte da mídia, e do outro lado, o conjunto que reúne militantes da direita, a maioria do empresariado da indústria e da agropecuária e os partidos políticos que formam o Centrão e que hoje dão as cartas no Parlamento. A batalha final dessa guerra está marcada para outubro de 2022. Mas o centro, não o Centrão, que já está no jogo, arruma-se para entrar nele, mobilizando-se em torno do apresentador Luciano Huck, que tem o explícito apoio da mídia e poderá ter também o das corporações da Avenida Faria Lima, entre as quais o Google. 

Os partidos de esquerda seguem divergindo. O PT, por exemplo, pela voz de seu líder Lula, já acenou para a empresária Luiza Trajano, controladora da rede Magazine Luiza, como nome ideal para compor, como candidata a vice, a chapa de Fernando Haddad. Unir a esquerda em torno de um só candidato será tarefa difícil. Ciro Gomes que o diga.

Casa dos Ventos

Tem nova assessoria de imprensa a Casa dos Ventos, desenvolvedora de projetos de geração de energias renováveis. A SP4 Comunicação, de São Paulo, assumiu o trabalho e manda dizer que a empresa pilotada pelo cearense Mário Araripe foi eleita pela Great Place to Work uma das melhores empresas para se trabalhar.

BNB

Não há, por enquanto, no ministério da Economia e no Palácio do Planalto movimento de mudança na presidência do BNB, diz à coluna fonte com ligação direta com a presidência da República. Mas a mesma fonte adverte: o senador Ciro Nogueira, do PP, olha com apetite para o lugar hoje ocupado por Romildo Rolim,