Segurança Pública: os tempos mudaram

É a Polícia que prende a Polícia e depois se apossa de suas viaturas e armas, com as quais ameaça o Governo e a sociedade.

Sou de um tempo em que o soldado batia continência para o cabo, que batia continência para o sargento, que fazia o mesmo para o tenente, que repetia o gesto para o capitão, que se perfilava diante do tenente coronel, que respeitava a hierarquia superior do coronel.

Hoje, os tempos mudaram: são os praças, incentivados pelos cabos, sargentos e capitães, que comandam os quarteis das PMS pelo Brasil afora, a começar aqui no Ceará.

Agora, não é a Polícia que caça e prende bandidos.

É a Polícia que prende a Polícia e depois se apossa de suas viaturas e armas, com as quais ameaça o Governo e a sociedade.

Igualzinho ao que fazem os bandidos, agora abrigados em facções.

Isto está acontecendo há três dias no Estado do Ceará.

Eu sou de um tempo em que, no carnaval, as famílias iam para as ruas para ver desfile de blocos, na capital e nas cidades do interior do Estado.

Os tempos de hoje são outros: as famílias têm de fechar-se em casa, porque as ruas estão ocupadas por facções mascaradas, algumas com balaclavas, outras com qualquer tecido que oculte seus rostos – há câmeras em todo canto.

Não se sabe mais quem, nas ruas, é bandido ou agente da Lei.

Tá junto e (mal) misturado.