Secretário Maia Júnior afirma: Os incentivos fiscais não podem ser eternos

"Não dá para suportar unicamente pela arrecadação de impostos o custo de uma máquina estatal que é pouco eficiente e pouco produtiva, o que vale também para o setor privado", diz o secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará.

Na esteira do que esta coluna publicou ontem sobre o fim dos incentivos fiscais ou a redução dos impostos, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará, Maia Júnior, opina:

"Com certeza é um tema que emergirá imediatamente após passar esta pandemia virótica. Será preciso rediscutir muita coisa no Brasil, sem a menor dúvida. Os incentivos fiscais são uma dessas coisas; privilégios corporativos, também".

Estudioso das questões econômicas e políticas (foi vice-governador do Estado na gestão de Lúcio Alcântara), o engenheiro Maia Júnior fala como se estivesse numa sala de aula:

"Do ponto de vista fiscal, precisamos de uma reforma do Estado, bem mais ampla do ponto de vista administrativo. Não dá para suportar unicamente pela arrecadação de impostos o custo de uma máquina estatal que é pouco eficiente e pouco produtiva, o que vale também para o setor privado".

Maia Júnior põe ar nos pulmões, solta-o e prossegue:

"Havia 40 anos, quando surgiram os incentivos, eles eram inovadores, mas permaneceme do mesmo jeito, sem levar em conta o que pratica hoje a economia moderna.

"Observemos aqui no Ceará o que se passa com as novas empresas dos novos segmentos nos quais o Estado foca sua atenção.

"Veja se o setor de telecomunicação e informática sofre com esta crise; verifique se o de logística também sofre; observe se o de alimentos enfrenta problemas; e o de energias renováveis, cujos projetos em curso seguem sem qualquer interrupção.

"Estes são, no Ceará, os segmentos que souberam evoluir, incorporando, no momento correto, as novas tecnologias e a alta produtividade, de baixo custo".

Por dois segundos Maia Júnior silencia.

Ao retomar a palavra, lembra que "estamos numa guerra contra o coronavírus".

Mas prevê:

"Logo ali, no pós-guerra, será necessária a discussão sobre os incentivos fiscais, que não podem ser indeterminados, nem destinados, apenas, a ativos imobilizados, que não acrescentam produtividade, nem competitividade.

"Será preciso investir mais em capital humano, e adequar nossas empresas à economia 4.0, que caminha muito bem, para o que será necessário o desenvolvimento de plataformas tecnológicas extremamente modernas".

Este espaço está aberto para a divergência construtiva.

TRAGÉDIA

Fernando Cirino, ex-presidente da Fiec, hoje investindo em energias renováveis com parceiros internacionais - diz a esta coluna:

"A pandemia passará logo, mas a tragédia econômica e social que ela deixará vai durar uns 3 anos".

CHINESES

Prestem atenção às notícias dos investimentos chineses no Brasil.

Eles já alcançam a infraestrutura, o transporte aéreo, a logística e - atenção - a comunicação social, que nada tem a ver com mídias sociais.

Quando terminar esta guerra contra o coronavírus, a China será a primeira potência econômica do mundo.

Primeira potência bélica, ainda não´.

DESEMPREGADOS

Milhares de pessoas foram desempregadas em março passado e neste abril como cnsequência do isolamento social, medida essencial para evitar a propagação da Covid 19.

E outras milhares terão o mesmo destino nesta e nas próximas semanas aqui em Fortaleza e no interior do Estado.

Quem trabalha e produz apenas ora a Deus.

Aproveitemos esta sexta-feira santa para intensificarmos nossas orações.