Região do Cariri, com boas chuvas anuais, é ideal para algodão de sequeiro

Daniel Olinda, um administrador de empresa com experiência em agricultura, defende a cotonicultura sem irrigação, mas a ideia gera dúvidas entre produtores.

Graduado em Administração de Empresas pela West Virginia University (EUA) e pós-graduado pela FGV, mas com experiência em agricultura, Daniel Olinda, filho do ex-secretário de Agricultura, Aquicultura e Pesca, Euvaldo Bringel, duela contra os muitos que pensam diferente.

Ele aposta na cultura do algodão em regime de sequeiro (sem irrigação).

E cita a região do Cariri como propícia para essa cultura.

"Por exemplo: em Brejo Santo, nos últimos 40 anos, a pluviometria anual girou em torno de 805 milímetros, e com 600 milímetros o algodão está seguro. O solo do Cariri - banhado sempre por boas chuvas - tem alto teor de argila, o que ajuda a conter a água e os fertilizantes", diz Daniel Olinda com o entusiasmo da sua juventude.

(A propósito: para a importação do fertilizante, a Sefaz acaba de retirar a isenção tributária).

Daniel lembra que, no Cariri, o mês de fevereiro tem média histórica de 294 milímetros, março tem 244 milímetros e abril, 453 milímetros, "abrindo-se um quadro muito favorável à cotonicultura de sequeiro".

Mas ele acrescenta: "Cabe a cada produtor fazer suas análises sobre riscos, previsões, mercado e investimento".

Amilcar Silveira, coordenador do Eproce (Encontro de Produtores Rurais do Ceará), considera muito arriscado investir em projetos de cotonicultura sem irrigação, mas torce pelo êxito do Programa de Revitalização da Cotonicultura do Ceará, tocado pela Secretaria Executiva do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Sedet).

E A SEMENTE?

Uma advertência a quem interessar possa!

Shirley Mapurunga, auditora fiscal federal agropecuária, avisa a quem está plantando sementes de algodão no Ceará, assunto destacado na edição de ontem desta coluna:

"Com relação ao plantio de sementes de algodão no Ceará, nenhum campo de sementes foi inscrito no Ministério da Agricultura, através da sua representação no Estado, que é a Superintendência Federal de Agricultura no Ceará. Logo, conclui-se que, se houver produção de sementes de algodão no Estado, estas são ilegais, não sendo nem consideradas sementes".

Ela respira e diz mais:

"Um programa como o do algodão não pode se nortear em material ilícito, sem origem do material de propagação e sendo divulgado e apoiado por instituições públicas de tão grande valor quanto a Embrapa".

Assim,no entendimento desta coluna, projeto de plantação de algodão - de pequeno, médio ou grande porte - a ser executado ou em execução na geografia cearense deve levar em conta essa advertência.

QUEIJO DE CABRA

Direto de sua fazenda, no interior do Ceará, onde curte o isolamento social rígido, o pecuarista José Antunes Mota, dono da Lacticínios Cambi, informa:

Está produzindo e comercializando queijo de cabra, um alimento que, na Europa, vale ouro.

"Tenho um rebanho caprino e ovino de alta linhagem, fruto de investimento em biotecnologia", explica Antunes.Mota.

É HOJE

Por videoconferência governadores reúnem-se hoje com o presidente Jair Bolsonaro.

Tema: a ajuda emergencial da União aos estados e aos municípios - que custará R$ 125 bilhões.

Mas o ministro Paulo Guedes impõe uma contrapartida: a proibição de reajuste do funcionalismo público.

Os governadores estão a favor.

Mas senadores e deputados discordam.