Rebelião! Sindicatos de rochas ornamentais denunciam Abirochas

Os sindicatos do CE, ES, MG e RJ, que respondem por 96% das exportações e por 85% da produção brasileira de mármores e granitos do país, farão parceria com o Centrorochas. E já comunicaram ao Ministério de Minas e Energia.

Rebelião no setor de rochas ornamentais!

Os sindicatos da indústria de rochas ornamentais do Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que respondem por 96% das exportações e por 85% de toda a produção brasileira de mármores e granitos, decidiram hoje tornar públicas as irregularidades praticadas pela diretoria executiva da Associação Brasileira das Rochas Ornamentais (Abirochas).

Os dirigentes dos quatro sindicatos acusam a diretoria da Abirochas de não usar o prestígio da entidade em benefício do setor, mas para manter-se no seu comando, usando filigranas jurídicas para evitar que o maior sindicato da indústria de rochas ornamentais do país, o do Espírito Santo, tenha vez e voto nas assembleias gerais..

Em 30 de outubro do ano passado, foram rejeitadas, pela sua Assembleia Geral da Abirochas, a prestação de contas e o balanço financeiro da associação referentes ao exercício de 2019.

Em Carta Aberta ao Setor das Rochas Ornamentais, hoje divulgada, assinada pelo presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos do Ceará (Simagran), Carlos Rubens Alencar, que é também membro do Conselho de Administração da Abirochas, a questão está mais detalhada. O documento revela:

“Em 04 de Novembro de 2020, é realizada uma AGE (Assembleia Geral Extraordinária) visando a destituição da diretoria executiva, e, momentos antes do início da Assembleia, os sindicatos que representam os interesses de Roraima, Paraíba, Bahia e Paraná, conseguem uma liminar na Justiça para evitar o voto do Membro do Conselho de Administração e Presidente do Sindirochas-ES.

“A AGE é realizada e mesmo sem o voto do Sindirochas-ES, a votação da destituição acaba empatada em 4 a 4, tendo os estados de Minas Gerais, Ceará, Rio de Janeiro e Espírito Santo (representado pela ANPO - Associação Noroeste de Produtores de Pedras Ornamentais), que juntos representam 96% das exportações brasileiras e mais de 85% da produção de matéria prima, proferido voto pela destituição da diretoria executiva da entidade.

“Em 08 de Janeiro de 2021 é publicado o Edital de Convocação de uma nova AGE, para o 08 de fevereiro de 2021, às 15 horas, cuja Ordem do Dia seria a destituição da diretoria executiva da Abirochas. Momentos antes de sua realização, o presidente em exercício do Conselho de Administração da Abirochas - representante do Estado do Rio de Janeiro - teve suas prerrogativas cassadas, e a AGE convocada nos termos previstos foi adiada.

“Este é o quadro atual da Abirochas, cuja Diretoria Executiva - capitaneada por Reinaldo Sampaio (no cargo há 12 anos) – em vez de buscar a transparência de suas ações e lutar pelo interesse das empresas e do setor como um todo, vem se destacando por buscar, através de liminares judiciais e restringindo o voto do Sindirochas-ES, apenas a manutenção no exercício do poder, mesmo sendo repudiado pelas entidades e empresas de maior legitimidade e representatividade do setor”.

Esta coluna apurou que os sindicatos do Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, tendo em vista o que representam dentro do setor, decidiram juntar-se ao Centrorochas nas suas tratativas sobre projtos de feiras e exposições nacionais e internacionais, já tendo comunicado sua decisão à Agência Nacional de Mineração e às autoridades do Ministério de Minas e Energia.

Também deram ciência da decisão à Apex Brasil, organismo que fomenta das exportações brasileiras e que financia a participação de empresas nacionais em feiras e exposições ao redor do mundo.  

Está acontecendo na Abirochas o mesmo que aconteceu com o antigo e hoje inativo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibrafrutas), cuja diretoria executiva também foi acusada de não cuidar dos interesses do setor.

Os maiores exportadores de frutas do Brasil deixaram o Ibrafrutas e fundaram a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas (Abrafrutas), que hoje, legal e politicamente, representa o setor junto ao Ministério da Agricultura e a todos os demais organismos do governo federal.

Por enquanto os quatro sindicatos não pensam em sair da Abirochas, mas lutar, na Justiça, contra o que consideram irregularidades de sua diretoria executiva. Se essa pendenga prolongar-se por mais tempo, os dirigentes das quatro entidades estudarão outra alternativa.



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