Pandemia: Bolsonaro joga no colo do Supremo solução para o desemprego

Acompanhado do minisro da Economia ede grandes empresários, o presidente da República vai a pé até a sede do STF e transmite ao vivo a reunião com o presidente do STF.

Empresários cearenses que assistiram ao vivo, ontem, na hora do almoço, à inesperada e surpreendente reunião do presidente da República - acompanhado do seu ministro da Economia e de uma dezena de líderes de setores industriais do País - com o presidente do Supremo Tribunal Federal, em cuja sede tudo se deu, menearam a cabeça afirmativamente, concordando com o sombrio diagnóstico apresentado: a economia brasileira está à beira da recessão.

Para livrá-la do caos, há uma única saída, segundo os empresários: a reabertura das atividades econômicas, obedecidas as instruções de segurança estabelecidas pelas autoridades sanitárias que coordenam a gestão de combate à pandemia do coronavírus.

Para o STF, cabe aos governos dos estados e municípios - e não à União Federal - o estabelecimento das normas que permitem ou não o funcionamento da indústria, do comércio e dos serviços.

àqueles entes federados cabe decretar o isolamento social parcial ou rígido como o que vige, a partir desta sexta-feira, 8, na Região Metropolitana de Fortaleza.

Como esta coluna já disse e o repetiu, o isolamento social - parcial ou rígido - é medida corretíssima, mas com danoso efeito colateral, porque alarga os níveis de desemprego, que já são muito graves.

Setores empregadores intensivos de mão de obra - como a construção civil, a indústria têxtil e de confecções, os bares e os restaurantes - estão registrando a morte crescente de micro e pequenas empresas e, ao mesmo tempo, a destruição de milhares de empregos.

O presidente Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes e os empresários pediram o socorro do STF, em cujo colo jogaram a solução do problema, e tudo transmitido em "live" - e em cores - pelo telefone celular do próprio chefe da nação, cujas imagens foram aproveitadas, em tempo real, pelas redes de tevê por assinatura.

Mas não será só isso que livrará o País do abismo.

O Congresso - que sempre se subordina ao interesse das corporações que dominam a administração pública - precisa aprovar logo as reformas tributária, fiscal e administrativa, sem as quais os investidores não virão para os leilões de privatização e de concessões.

O que no curto prazo acontecerá, ninguém sabe, ainda.

FISIOLOGIA

Ontem, cearenses que atuam no mercado financeiro manifestaram a certeza de que o Banco do Nordeste mudará de presidente nos próximos dias.

O BNB transformou-se em moeda de troca.

Assim: em troca dos votos de que precisa na Câmara dos Deputados, o Governo Bolsonaro - que seria um inimigo da "velha política" - cederá o comando do único organismo de fomento da região Nordeste à fisiologia da política.

ISOLAMENTO

De hoje até o próximo dia 20, os cearenses que moram em Fortaleza viverão uma experiência inédita.

Só poderão sair de casa usando a máscara de proteção contra o coronavírus.

E de posse de uma declaração em que dirá para onde vai, por que vai e o que fará lá.

E tudo sem ferir o sagrado direito de ir e vir.

Explica-se: enfrentamos uma pandemia.

CORPORATIVISMO

Quem manda no país são os servidores públicos.

Prova: o Congresso Nacional garantiu aumento de vencimentos a mais de 20 categorias do funcionalismo ao longo dos próximos 18 meses.

Antes, isso só seria permitido aos profissionais da saúde.

O que seria uma economia de R$ 130 bilhões virou uma economia de só R$ 40 bilhões. 

FLORICULTURA

Informa o presidente da Federação da Agricultura do Ceará (Faec), Flávio Sabóya: 

Foi recusada a sugestão dos floricultores cearenses, que desejavam vender, amanhã e domingo - Dia das Mães - suas flores, principalmente rosas. 

Seria pelo sistema "drive thru", com todoo protocolo de segurnça, mas o argumento não convenceu o Grupo de Trabalho do governo do Esado que cuida desses protocolos.

Flávio Sabóya também informa que passou o dia de ontem, quinta-feira, atendendo telefonemas de produtores rurais que desejavam saber como, a partir de hoje, se deslocarão de suas fazendas para as cidades em busca de ração ou medicamento para o gado e de alimentos para a sua família. 

No interior, explica o presidente da Faec, há uma carência de informações sobre o isolamento.