'Offshore' de Caucaia terá maiores aerogeradores do mundo

Já em análise pelos técnicos do Ibama, o projeto da usina de geração eólica dentro do mar de Caucaia terá torres de 150 metros acima do nível da água e geradores com potência entre 12 e 15 MW da GE, Siemens, Vestas ou da Mingyang.

Está em análise no Ibama, em Brasília, o projeto de instalação, no Ceará, da primeira usina “offshore” (dentro do mar) de geração de energia eólica no Brasil.
 
Ele se localizará no litoral de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, produzirá 600 MW e utilizará torres metálicas de 150 metros de altura acima do nível do mar e aerogeradores com potência entre 13 MW e 15 MW, dependendo do fabricante.

Os investidores escolherão entre a norte-americana GE, a dinamarquesa Vestas, a alemã Siemens ou a chinesa Mingyang, que, aliás, tem plano de instalar uma fábrica no Complexo do Pecém, para o que já pediu ao Ibama a Licença Ambiental.

Total previsto do investimento: R$ 7 bilhões, ao longo dos três anos de sua implantação.

O projeto, de cujos detalhes já tomou conhecimento o ministro de Minas e Energias, Bento Gonçalves, é da empresa BI Participações e Investimentos (BIPI), controlado pelas italianas Imprese e Sviluppo.
 
O chairman da BIPI é Michele Rafa; seu representante no Ceará é o engenheiro Lúcio Bonfim, que transmitiu a esta coluna uma informação: seu projeto é o que se encontra – na área da geração de energia eólica “offshore” – em fase mais adiantada de análise no Ibama, cujos técnicos examinam o seu EIA-RIMA para a posterior emissão da Licença Prévia (LP).

A esse projeto, aderiu a empresa belga Deme com sua expertise – ela já instalou o equivalente a 40% dos parques eólicos instalados e em operação no mundo, principalmente na Europa e na Ásia, em terra firme ou dentro do mar. 

Segundo Lúcio Bonfim, está sendo desenvolvido neste momento o projeto executivo do empreendimento. 

O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já cita a possibilidade de o Ceará abrigar, nos próximos anos, a primeira usina eólica “offshore”.

Os custos de instalação da usina “offshore” de Caucaia serão, revela Lúcio Bonfim, bem menores do que os registrados nos projetos europeus.

Na Europa, há fortes rajadas de vento, o que exige uma tecnologia mais sofisticada e mais cara para a implantação das torres no fundo do mar e dos aerogeradores 150 metros acima da linha d’água.

“Além do mais, a profundidade do mar, nas regiões da Europa onde as usinas eólicas ‘offshores’ são instaladas, varia de 80 a 150 metros; aqui no litoral do Ceará, essa profundidade varia de 10 a 17 metros, o que reduz enormemente o custo de instalação de torres e aerogeradores”, explicou Lúcio Bonfim. 

A coluna quis saber como será o transporte da energia gerada no mar até as linhas de distribuição do Sistema Integrado Nacional (SIN). Ele explicou que será por uma LP a ser implantada pelos empreendedores, que também instalarão uma subestação que a conectará com a subestação Pecém II, da Chesf. 

Ele esclareceu que “cada aerogerador terá sua linha e transmissão submarina, conectando-se à nossa subestação próxima à praia”.
 
Bonfim revelou que a legislação que trata da regulação de projetos eólicos não faz diferença entre empreendimentos “offshore” ou “onshore” (em terra). 

Ele adiantou, ainda, que a única diferença entre os dois projetos se refere à área de sua implantação. 

“Enquanto as eólicas ‘onshore’ são construídas em terreno privado, as ‘offshore’ o são em área pública, mas o Serviço do Patrimônio da União (SPU) já publicou Instrução Normativa de número 87/2020, disciplinando a matéria”, informou Lúcio Bonfim. Precisamos, somente, de uma decisão do Governo Federal de promover o primeiro leilão específico para a aquisição de energia através de eólicas ‘offshore’. Nós não competiremos com as eólicas ‘onshore’, mas com as termelétricas a diesel e a carvão, e ainda temos os custos de produção mais baratos”, disse.

Para concluir, o engenheiro Lúcio Bonfim revelou:

“Estamos conversando com grandes investidores, mostrando as oportunidades do negócio, ao mesmo tempo em que aguardamos as liberações da Licença Prévia (LP) e do Despacho de Registro de Outorga”.



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