O Nordeste e o Ceará na opinião de cada um

Ex-presidente da Ematerce e hoje pequeno pecuarista no sertão de Quixeramobim, o agrônomo José Maria Pimenta reforça as opiniões do economista Marcos Holanda, ex-presidente do BNB, que ontem, nesta coluna, sugeriu que o Governo Federal, em vez de investir R$ 1,8 bilhão na construção de nova infraestrutura hídrica (ramais do Apodi e do Salgado do Projeto S. Francisco), deveria aproveitar as já existentes. Pimenta diz: "Se a água fosse o principal fator do desenvolvimento do Nordeste, o Maranhão, o Piauí e as Alagoas seriam os estados mais ricos da região, e estão entre os mais pobres. O Nordeste precisa é de empreendedorismo e de inteligência para alavancar as áreas ainda arcaicas, banhando-as com as águas da modernidade.

Os gaúchos estão começando a dar esse banho no Sudeste do Piauí e do Maranhão". Carlos Rubens Alencar, presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos, transmitiu um comentário, dizendo que, se o Governo das Mudanças, nas décadas de 80 e 90, tivesse investido em TI, o Ceará teria dado um salto nos últimos 20 anos. Ele diz: "Ainda há tempo. As melhores cabeças dos cearenses continuam isoladas, e isto tem a ver com o perfil dos governantes. O governador Camilo Santana deveria chamar o Marcos Holanda para conversar com ele a respeito. No Ceará, não se ouvem os grandes cérebros".

Carlos Prado, vice-presidente da Fiec, opinou: "O setor produtivo já demonstrou que, com água, há como produzir com tecnologia e qualidade, e várias empresas cearenses da agropecuária já o fazem. Como as obras (do Projeto S. Francisco) estavam incompletas, haveria muita perda durante o trajeto, encarecendo o custo da água, que não alcançariam terras férteis hoje improdutivas" (daí a razão dos ramais Salgado e Apodi). Prado acrescenta: "Os incentivos fiscais (Finor e FNE) foram mal elaborados e mal administrados, e tanto é verdade que as dívidas se tornaram impagáveis pelo excesso de encargos por inadimplência, além do retardamento das liberações. O defeito era do sistema.

A discussão atual é para reparar erros que tanto prejudicaram aqueles que tiveram a coragem de investir". Ele conclui: "Isso não impede o incentivo aos jovens promissores".

Desemprego

Um dado preocupante, extraído da última Pnad do segundo trimestre deste 2020: a taxa de desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos foi a 29,7%, maior do que os 25,8% do mesmo período de 2019. Mais: boa parte desses jovens fez cursos superiores tradicionais, cujo currículo nada tem a ver com as necessidades tecnológicas da indústria 4.0. Eis o drama.

Boa notícia! Dos R$ 2,5 bilhões que foram repassados pelo FNE - administrado pelo Banco do Nordeste (BNB) - para os empreendimentos afetados pela Covid-19 na região, o Estado do Ceará recebeu R$ 609,7 milhões. A Bahia ficou em 2º lugar, com R$ 511,6 milhões; na 3ª posição, Pernambuco, que obteve socorro de R$ 326,4 milhões.

Má notícia! Coitado do Dnocs! Na última quarta-feira, 11, ele completou exatos 111 anos de atividade sem que a data tenha sido lembrada pela sua diretoria. É triste, muito triste dizer que o Dnocs permanece em estado de coma. Parece claro que, desde o Governo Dilma, Brasília está a deixar que o Dnocs continue a respirar por aparelhos. E só.



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