O mercado está com a luz vermelha ligada

Aproxima-se do País uma grave crise financeira e econômica, com suas consequências sociais - o desemprego, segundo o IBGE, já castiga hoje 14 milhões de brasileiros. Só a política pode oferecer uma saída para tantos problemas, o primeiro dos quais é a frágil, para não dizer caótica, situação fiscal - o Governo gasta mais (e mal) do que arrecada. Dois terços de sua receita são destinados às despesas com a folha do funcionalismo público, incluídos os aposentados e os pensionistas, e a multitudinária folha do INSS, cujo déficit prossegue, apesar da recente reforma previdenciária.

Apesar desse cenário de caos, o Congresso Nacional emite nenhum sinal de preocupação - as reformas administrativa e tributária estão paralisadas sob o argumento de que as eleições municipais absorvem o tempo e o foco de senadores e deputados. De olho no radar que mostra a fragilidade fiscal e a mutante relação do presidente da República com os líderes do Legislativo e do Judiciário, o mercado, já com a luz vermelha ligada, puxa o freio de mão da desconfiança, estancando ou adiando investimentos privados.

Como se não bastasse a crise econômica e financeira, cresce a crise sanitária da Covid-19, que pode tisnar as relações diplomáticas e comerciais do Brasil com a China. O que mais preocupa é o fato de que, por causa da pandemia, o Governo da União tem sido obrigado a multiplicar seus gastos para socorrer estados e municípios e garantir uma ajuda emergencial que assegurou até agora renda a 30 milhões de pessoas que estavam na informalidade, o que elevou para perto de 100% do PIB o endividamento do Tesouro. Como sair dessa sinuca de bico? Tarefa para o ministro da Economia, Paulo Guedes, que hoje já não fala com tanta desenvoltura quanto falava há um ano.

Detran

Informa e esclarece o Detran sobre nota aqui divulgada quinta-feira, 22, a respeito da taxa cobrada pela emissão digital do Certificado de Registro de Veículo (CRV): Como apenas 9% dos proprietários de veículos aderiram a essa novidade tecnológica, o documento segue sendo enviado pelos Correios, que, por enquanto, continua entregando com atraso correspondências e encomendas; Até ontem, sexta-feira, 23, mais de um milhão de CRVs foram enviados pelo Detran ao domicílio dos proprietários de veículos. Se a adesão ao modo digital crescer de maneira exponencial, ele poderá ser transformado na única e definitiva opção a partir de algum momento do próximo exercício de 2021; A cobrança da taxa de expedição da CRV só poderá ser cancelada pelo Poder Legislativo, que a criou. Algo difícil de acontecer.

Terça-feira, 27, às 7h30, reunir-se-á o Agropacto no auditório da Faec para debater sobre as Perspectivas da Reforma Tributária e suas implicações no agronegócio brasileiro. O economista Lauro Chaves Neto, professor da Uece, assessor da Fiec e membro do Cofecon, fará exposição sobre o complicado tema.

Diante do que ouve e, mais ainda, do que vê, esta coluna reitera sua opinião de que a eleição do próximo prefeito de Fortaleza, que se dará, em primeiro turno, no dia 15 de novembro, está hoje no ponto de impossível prognóstico sobre vencido e vencedor. O que chama a atenção é a ausência de atores interessados no jogo.



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