No Ceará, agropecuária imita a indústria e se fortalece

Os empresários do agro cearense desenvolvem uma ação conjunta que transforma o interesse individual num esforço coletivo. E mais: 1) Cigel lança nova linha de cosméticos; 2) Faltou energia e 2.300 k de leite de perdem; 3) Muita água sob a ponte eleitoral de 2022

Torna-se mais forte o setor da agropecuária cearense, e uma prova desse fortalecimento foi a recente decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, a seu pedido, reconheceu o direito dos produtores de todos os perímetros irrigados do Ceará de terem uma tarifa diferenciada no horário noturno – das 21 às 6 horas – quando se registra um esforço maior de bombeamento da água que irriga suas culturas.

Surge a pergunta: o que dá força política às reivindicações da cadeia produtiva cearense da agricultura, pecuária, avicultura, carcinicultura, floricultura, cotonicultura, piscicultura, caprinocultura e suinocultura? 

Luiz Roberto Barcelos, ex-presidente da Abrafrutas e coordenador da Câmara de Fruticultura da Confederação Brasileira da Agricultura (CNA) e sócio e diretor da Agrícola Famosa, responde com 12 caracteres: “É a nossa união”.

Ele tem razão. Para além da Federação da Agricultura do Ceará (Faec), que é a representante sindical do setor junto aos organismos públicos, os empresários desenvolvem uma ação conjunta que transforma o interesse individual num esforço coletivo.
 
Foi o que aconteceu no caso da tarifa diferenciada de energia elétrica para os produtores de todos os perímetros de irrigação do Estado, uma questão que vinha há meses opondo a opinião da Enel – a favor da cobrança de tarifa normal de quem, no horário noturno, de pouco consumo, usa a energia elétrica para movimentar motobombas – e a dos irrigantes, que pediam uma tarifa mais barata, pois usavam a noite para produzir alimentos para as pessoas e para os animais.

A Aneel considerou justa a reivindicação da liderança do agro cearense e decidiu que a Enel Distribuição Ceará deve cobrar dos irrigantes uma tarifa diferente, mais barata, naquele horário em que cai o consumo industrial e doméstico.

Os agropecuaristas – seguindo o exemplo dos seus colegas da indústria, que empoderaram a Fiec, agora cada vez mais robusta na sua relação com os governos federal, estadual e municipais – também decidiram unir-se com o mesmo objetivo.

Hoje, o governo do Estado tem relação direta com as lideranças de sua agropecuária, cujo setor integra as prioridades estratégicas do governador Camilo Santana e do seu secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior. 

Infelizmente, o Ceará insere-se na área geográfica brasileira que, periodicamente, como neste momento, sofre os efeitos de periódicas estiagens, em consequência do que, pela falta de água, se frustram os planos de expansão das áreas cultivadas e das safras recordes. 

O Projeto São Francisco de Integração de Bacias, que pode resolver essa dificuldade, ainda não ficou pronto e, por isto mesmo, opera com restrições de vazão, cuja ampliação depende de decisão da Agência Nacional de Águas (ANA), que, por sua vez, se subordina à saúde hídrica do próprio rio São Francisco.
 
Todas essas dificuldades tornam mais penoso e desafiador o trabalho do agropecuarista cearense, que ainda tem de lutar, permanentemente, contra a burocracia de instituições estatais responsáveis pela concessão do crédito. 

CIGEL LANÇA NOVA LINHA DA ALYNE COSMÉTICOS

Localizada em Caucaia, ocupando uma área de mais de 17 mil metros quadrados, dando emprego direto a 250 pessoas e fabricando produtos de beleza e higiene pessoal, a cearense Cigel, fundada em 1986, está lançando uma nova linha de cosméticos com sua marca Alyne.

Os novos produtos privilegiam shampoos para o crescimento acelerado e para a reparação total dos cabelos, cuja queda, segundo as pesquisas, afeta 25% das mulheres. Há também um novo sabonete líquido antibacteriano.
  
A nova linha de produtos da marca Alyne já é comercializada nas lojas de 400 clientes da Cigel e em mais 100 mil PDVs (pontos de vena) em todos os estados do Norte e do Nordeste, nos quais atua a empresa cearense.
  
ENEL FALHA E PECUARISTA PERDE 2.348 LITROS DE LEITE

Ontem, das duas horas da madrugada até perto do meio-dia, a fazenda “Consolo”, de pequeno porte, no Sertão Central do Ceará, ficou sem energia elétrica.
 
A dona da fazenda, Nilcimar Ramalho Leite Diógenes, que, por uma rede social, lamentou morar em um país onde nada acontece contra quem não cumpre suas tarefas, acionou de madrugada a Enel, que tem o monopólio da distribuição de energia no Ceará.

Mesmo acionada, a Enel não providenciou o conserto da pane que causou o apagão na fazenda da pecuarista, e o resultado foi a perda de 2.348 litros de leite: o motorista do caminhão da indústria de beneficiamento, que chegou à fazenda para coletar o leite, recusou-se a receber o produto porque sua temperatura, que deveria estar por volta de 10 graus, estava a 36 graus. Ao longo da viagem, chegaria deteriorado à indústria.

É a segunda vez que, por falta de energia, a fazendeira Nilcimar Diógenes tem prejuízo. Na primeira, foram perdidos 1.800 litros de leite.

Ontem mesmo, dois advogados que prestam serviço ao Encontro de Produtores Rurais do Ceará (Eproce) entraram na Justiça com uma ação de perdas e danos em nome da produtora prejudicada.

SANTANDER TEM NOVO SUPERINTENDENTE EM FORTALEZA

Diego Neris, um simpático executivo paulista, é o novo superintendente do Banco Santander para a Região Metropolitana de Fortaleza.

Ele diz à coluna que está muito impressionado com a capital cearense e, principalmente, com seu povo, "gentil, hospitaleiro e muito agradável".

O Santander está iniciando uma fase de expansão no Ceará, na capital e no interior do Estado.

Nas próximas semanas, abrirá uma agência em Horizonte, uma área cheia de indústrias.

MANDIOCA ENSILADA, O ALIMENTO DA VACA LEITEIRA

Incentivados pelo zootecnista e produtor rural Raimundo Reis, que é um dos mais requisitados consultores em pecuária do Nordeste brasileiro, agricultores cearenses começam a descobrir as virtudes da mandioca para silagem. 

Em uma de suas propriedades, Raimundo Reis plantou e colheu  33,7 toneladas de mandioca por hectare.

No Youtube, há um vídeo produzido por Reis contando como foram feitas as pesquisas em torno da mandioca para silagem.
Um dos comentários, assinado por Edelvan Estrela, diz o seguinte, dirigindo-se a Raimundo Reis: 

“Bom trabalho, professor. Pessoas que tem até 5 hectares dá pra criar bem. Faz três hectares de pasto, 1 hectare de mandioca e 1 hectare de Capiaçu (um clone de capim elefante). Pronto, comida o ano inteiro” (sic).

Zuza de Oliveira, agrônomo e, também, consultor em pecuária, está impressionado com as pesquisas de Raimundo Reis e, pessoalmente, faz questão de divulgá-las.
 
Ele acredita que o gado bovino leiteiro já tem, no semiárido nordestino, o seu alimento essencial: mandioca, palma forrageira, sorgo ou milho, tudo devidamente ensilado. 

É comida boa e barata para todo o segundo semestre de um ano de pouquíssima chuva, como este 2021.

VAI PASSAR MUITA ÁGUA SOB A PONTE DE 2022

Há em curso, no nível nacional, uma clara estratégia política em execução por oposicionistas e governistas.

Mas é preciso cuidado, é necessário caminhar sobre o fio da navalha nesse terreno, que está minado pelos interesses dos dois lados.
 
Como falta uma crítica honesta, imparcial, a opinião pública segue sendo guiada pelo que diz a tevê, pelo que comenta o rádio, pela informação interesseira dos grupos opostos que se digladiam nas mídias sociais. Faltam  equilíbrio e isenção.

Ontem, foi divulgada uma pesquisa de um instituto do Sul do País, segundo a qual o presidente Bolsonaro está à frente, por pequena margem, do ex-presidente Lula, e ganharia o pleito presidencial se ele se realizasse hoje.

Ora, há duas semanas, o Datafolha divulgou um levantamento mostrando exatamente o contrário.

Será que, em 15 dias, o quadro que era a favor de Lula virou, sem mais nem menos, a favor de Bolsonaro? É a lógica pergunta que surge.

Onde está a verdade?

Faltando um ano e quatro meses para a eleição, o eleitor está de costas para ela – só a imprensa e os políticos tratam do tema (o eleitorado está preocupado mesmo é com a inflação, com o seu emprego, com a possibilidade de contrair a Covid).

A pesquisa divulgada ontem nitidamente foi encomendada por quem, individual ou em grupo, quis testar nomes, e o nome testado foi o do apresentador José Luiz Datena, apresentador de noticiário policial na tevê.
 
Ele apareceu em terceiro lugar, com mais intenção de votos do que presidenciáveis antigos.

Sob a ponte da eleição de 2022, passará muita água, inclusive a da CPI da Covid, a da vacinação em massa, a da inflação, a do Auxílio Emergencial, a da retomada da economia, a da crise energética e outras águas, a maioria das quais estará turvada pelos obscuros interesses da polarização a que foi jogado o país.

PAULISTA COMPRA CEARENSE DONA DE APLICATIVOS

Atenção! Por valor não revelado, a Toro Investimentos, do grupo Santander, com sede em São Paulo, comprou a cearense Mobillis, dona de um leque de aplicativos financeiros que, com 10 milhões de downloads, é um dos bem avaliados do país para o planejamento financeiro.

O Mobillis tem o selo de qualidade “editors choice”, e, ainda, nota 4,6 nas lojas de aplicativos Androi e iOS.

A Toro adquiriu, também, a Monetus, outro aplicativo financeiro, com sede em Belo Horizonte.

A aquisição da Mobillis e da Monetus – informa a Toro Investimentos – envolve dinheiro e troca de ações, transformando os acionistas das duas empresas em sócios da Toro.

A operação depende, ainda, da aprovação das autoridades reguladoras.

PRESIDENTE DO SINDIENERGIA VISITA SENAI-CEARÁ

Luís Carlos Queiroz, presidente do Sindicato das Empresas Prestadoras de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará( Sindienergia), visitou ontem as instalações do Instituto Senai de Tecnologia (IST).
 
Durante a visita, foi-lhe apresentada a infraestrutura que o IST dispõe para atender às empresas cearenses – laboratórios de química, polímeros, tintas, usinagem, ferramentaria, além de impressoras 3D e do Habitat de Inovação. 

A visita foi conduzida pelo diretor regional do Senai-Ceará, Paulo André Holanda.
 
O presidente do Sindienergia assistiu a algumas demonstrações feitas pelos técnicos do IST e a apresentação de projetos já realizados, conhecendo melhor as possibilidades de serviços que elevam a produtividade e a eficiência no setor de energia.

LIDE FAZ ALMOÇO-DEBATE HOJE

Nesta sexta-feira, às 12 horas, o Lide Ceará promove almoço debate com Celso Hiroo Ienaga, engenheiro de produção pela Escola Politécnica-USP, com curso de especialização em áreas de negócio pela Wharton School, Harvard Business School, University of Michigan, UC Berkeley, IESE Business School (Spain) e Association for Overseas Scholarship (Japan). 
Ele é sócio majoritário da Dextron Management Consulting.

O evento, que se realizará por vídeo conferência, é exclusivo para os sócios do Lide-Ceará, cuja presidente, Emília Buarque, o conduzirá.

 

 

 

 



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