Itaueira tem tecnologia, mas depende da natureza no Ceará

Empresa da família Prado dedica 24 horas por dia ao que considera “mundo tecnológico”, sempre na busca do melhor produto e do melhor sabor.

Berlim (Alemanha) – Por falta de água, a Itaueira Agropecuária está há quatro anos sem produzir melão na sua fazenda de Aracati, no Ceará, área livre da mosca da fruta. Está também sem exportar para os seus tradicionais clientes dos EUA, Canadá e Europa. Se os grandes açudes cearenses forem recarregados neste inverno, a produção e a exportação serão retomadas. Tudo depende, pois, da natureza.

Toda a produção da Itaueira, agora restrita às suas fazendas do Piauí e da Bahia, é consumida pelo mercado interno brasileiro, para o qual a empresa da família Prado, sediada em Fortaleza, dedica hoje toda a sua atenção no desenvolvimento de novas tecnologias, que enlaçam a produção, a colheita, a embalagem e a comercialização.

Aqui em Berlim, onde estão participando de mais uma Fruit Logística – a maior feira de frutas, legumes e verduras frescas do mundo – os irmãos e sócios Tom, Carlos e José Luiz Prado focam sua presença na programação técnico-científica do evento. Em três dias, estão ouvindo mais de 20 palestras – cada um ouve o que lhe interessa - e visitando os estandes de grandes empresas produtoras de sementes, insumos, máquinas de embalagens e equipamentos, com cujos diretores têm reuniões agendadas até esta sexta-feira.

“Nosso foco é a tecnologia, por meio da qual obtemos dos “breeders” (criadores) internacionais - e cultivamos nos nossos campos - a melhor semente, além da melhor maneira de produzir mais com menos área física e menos consumo de água, garantindo ao mesmo tempo o melhor sabor aos nossos produtos, principal objetivo da empresa”, explicam Carlos – o Caito - e José Luiz Prado, responsáveis pela área comercial – o primeiro – e pela de tecnologia – o segundo.

Eles disseram ao Diário do Nordeste que monitoram “todas as inovações tecnológicas” que dizem respeito à cultura do melão, do pimentão colorido, da carcinicultura, da produção de uvas sem semente e do mel de abelha, áreas em que a Itaueira tem intensa atuação no Nordeste.

“Apesar da avançada tecnologia de que já dispomos dentro da empresa, há ainda um mundo tecnológico a ser desenvolvido. A esse mundo estamos todos dedicados nas 24 horas do dia”, salienta José Luiz.

Ele revela que toda a tecnologia de irrigação utilizada nas fazendas de produção da Itaueira no Piauí e na Bahia “é importada, mas adaptada às características de cada área, como clima, solo, temperatura e umidade, e é o que fazemos, respeitando a natureza”.

Como tudo na agricultura diz respeito à Tecnologia da Informação, a Itaueira põe nela o seu foco e a sua atenção, assinala Caito Prado.

“Assim, o controle de tudo o que acontece nas fazendas – pluviometria, indicadores de composição do solo, volume de água para a irrigação, além do controle dos tratores e dos drones – é vital para que possamos construir um diferencial para os nossos produtos, e temos obtido sucesso. Os drones nos permitem uma inspeção cirúrgica naquela área da fazenda que precisa de melhor atenção” – detalhe José Luís Prado.

A tecnologia faz parte do DNA da Itaueira, assegura Caito Prado, que pormenoriza:

“As informações do nosso Big Data somadas às levantadas pelos drones nos permitem fazer o adubo adequado, o composto correto, o melhor nutriente, tudo com o exclusivo objetivo de fazer mais e melhor com menos, e isto vale para todos os nossos produtos – melão, melancia, uva, pimentão, mel de abelha e camarão”.  

Por que a Itaueira cria abelhas? Caito responde: “Porque elas são o exemplo mais clássico do cuidado sustentável que temos com as nossas fazendas. Temos milhares de colmeias, e já estamos começando a vender colmeias com as abelhas, tamanha é a nossa produção de mel, o que mostra que nosso manejo é correto. Além do mais, temos a rastreabilidade em todos os nossos produtos, com exceção do mel, que está na fase de implantação”.