Isolamento social rígido é correto, mas tem alto custo para a economia

Atividades econômicas não essenciais, mas empregadoras intensivas de mão de obra - como bares, restaurantes, salões de beleza - continuarão proibidos de funcionar até o próximo dia 20.

Foi aportuguesado o "lockdown".

Na decisão conjunta anunciada pelo prefeito de Fortaleza e pelo governador do Ceará, prorrogando por mais 15 dias o isolamento social na capital do Ceará, o "lockdown" (bloqueio total) foi substituído pelo isolamento social rígido.

A partir de amanhã e até o próximo dia 20, as pessoas só poderão sair de casa se for para cumprirem tarefa essencial, como fazer compra no supermercado, na farmácia ou na padaria, mesmo assim de máscara (outra acertada medida) e com um documento adredemente assinado para ser exibido à autoridade policial, se esta aparecer no meio do caminho.

Diante do avanço acelerado do número de mortes e de casos do coronavírus, a medida governamental está corretíssima.

Não há como contestá-la.

Mas ela tem efeitos colaterais.

As pequenas empresas - esqueçam as grandes, que têm gordura para enfrentar as atuais dificuldades - estão quebrando.

São as lojas de rua, os salões de beleza, os bares, os restaurantes e os escritórios de advocacia, de contabilidade e de arquitetura, entre outros que, proibidos de funcionar, já demitiram milhares de pessoas.

A partir de amanhã, em Fortaleza, o direito de ir e vir estará mais restrito.

Temos de evitar a propagação da Covid-19, e todos concordamos com as providências que estão sendo tomadas aqui.

Mas em outras capitais, como Belo Horizonte, por exemplo, com uma população semelhante à da Capital cearense e onde já se retomam as atividades econômicas, o número de casos e de mortes pelo coronavírus é bem menor do que os daqui.

COM E SEM JURO

Um industrial do setor de tintas manda mensagem a esta coluna.

Ele argumenta que o governo dos estados - para enfrentar a queda de arrecadação do ICMS - receberão ajuda financeira da União, "sem qualquer custo, a juro zero".

E afirma, em tom de lamento:

"Pois eu, para manter minha empresa e os empregos que ela dá, terei de pedir dinheiro emprestado aos bancos, que cobrarão 4% de juros ao mês".

COM MEDO

Empresários donos de lojas de material de construção, que estavam praticando o e-commerce, decidiram suspender essas vendas a partir de amanhã.

Qual o motivo?

Medo das multas.

"As barreiras policiais vão exigir mil e um documentos do entregador, a começar pelo crachá de funcionário" - disse a esta coluna o sócio e diretor de uma das duas maiores redes de lojas de material de construção de Fortaleza.

REGULARIZAÇÃO

Está prestes a ser votada no Congresso Nacional a MP 910.

Ela trata da regularização fundiária, e nada tem a ver com terra devoluta.

A MP regulariza só as terras da União.

As terras devolutas da Amazônia são as que os grileiros criminosos invadem para derrubar a floresta.

A regularização só vale para pequenos e médios agricultores cadastrados no Incra.

DNOCS

No tempo em que o Dnocs era o mais importante organismo federal que projetava e executava obras no Nordeste, a notícia da nomeação do seu diretor geral ganhava a primeira página dos jornais.

Hoje, não é mais assim, infelizmente.

A culpa é da má política e dos maus políticos, que se apoderaram do Dnocs e o deslustraram.