O espírito do bom senso baixou no presidente Jair Bolsonaro.
Uma hora antes da abertura do pregão da Bolsa de Valores, ele surpreendeu nesta segunda-feira, 27, os jornalistas que, diariamente, pela manhã, se aglomeram no portão de entrada do Palácio da Alvorada, e apresentou-se rodeado de três dos seus melhores ministros – o da Fazenda, Paulo Guedes; o da Infraestrutura, Tarcísio Freitas; e a da Agricultura, Tereza Cristina.
“Quem manda na economia é o ministro Paulo Guedes”, disse o presidente, num claro e duplo recado.
O primeiro, para o mercado financeiro e para os empresários, que, agora mais calmos, tinham, desde sexta-feira, dúvidas fortes sobre a permanência do “Posto Ipiranga” no governo e no comando da economia.
O segundo recado foi para o núcleo duro do Palácio do Planalto, liderado pelo ministro da Casa Civil, general Braga Neto, que, na semana passada, sem ouvir Paulo Guedes, lançou o Pró Brasil (espécie de PAC, da ex-presidente Dilma), um programa de grandes obras que consumiriam R$ 30 bilhões, dinheiro que o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse que não existe.
Os generais do Planalto são considerados da corrente denominada nacional-desenvolvimentista, que prega a presença acentuada do Estado na economia.
Acalmando o mercado, que agora vê Paulo Guedes – um liberal declarado, que prega a mínima interferência estatal na economia - como o verdadeiro e único superministro do governo, o presidente Bolsonaro recupera o fôlego para enfrentar outro problema: o da nomeação do novo diretor-geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, e do novo ministro da Justiça, Jorge Oliveira, cujos atos de nomeação aguardam tratativas que assessores do Planalto mantêm com ministros do STF.
Tanto Ramagem quanto Oliveira são pessoas muito ligados à família Bolsonaro.
O presidente disse, no pronunciamento que fez na tarde de sexta-feira, 24, que quer ter informações sobre as investigações que a Polícia Federal faz em todo o País.
Uma dessas investigações envolve o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.
Outra investigação, esta autorizada pelo STF, pode envolver outro filho de Bolsonaro, o Carlos, vereador no Rio de Janeiro, que é acusado de chefiar um “gabinete do ódio”, que espalha “fake news” pela internet.
Esta segunda-feira começou melhor do que todos os dias da semana passada.
Mas, em se tratado de Jair Bolsonaro, não surpreenderá se surgirem novas declarações e novos posicionamentos do presidente, criando uma nova crise.
O anúncio, feito pelo Chefe da Nação, de que Paulo Guedes é quem manda na economia, poderá ter consequências ruins para a região Nordeste.
É que o ministro do Desenvolvimento Regional, o potiguar Rogério Marinho, apareceu como um dos idealizadores do Pró Brasil, o que irritou Guedes e toda sua equipe do Ministério da Economia.
Não se sabe que repercussão esse anuncio terá junto aos generais do Palácio do Planalto, em cujos gabinetes foi desenhado o Pró Brasil.