Coronavírus: Postos têm gasolina e diesel, mas o consumidor desapareceu

Em Fortaleza, nos bairros da Aldeota e do Meireles, o faturamento dos postos de combustíveis caiu 80%. Mas a Sefaz cobra ICMS sobre o preço de R$ 4,66 pelo litro da gasolina, que caiu para até R$ 3,99.

Está difícil a vida para todo mundo, inclusive para os donos de postos de combustíveis.

Manuel Novais, presidente do Sindipostos do Ceará, pede espaço para, em visível tom de lamento, revelar que a receita dos postos desabou a um nível "jamais visto na nossa atividade".

Ele informa que, nos bairros da Aldeota e do Meireles, a queda do faturamento dos postos alcançou 80%.

"Nos subúrbios de Fortaleza e nas cidades do interior do Estado, essa redução chegou a 50%", ele acrescenta.

O motivo é um só: o consumidor - há mais de um mês confinado em sua casa por medida legal - sumiu. Nos bairros ricos, esse sumiço é maior.

Na opinião dos donos de postos, isto é só a queda, uma vez que há o coice.

A Secretaria da Fazenda mantém a cobrança do ICMS sobre o preço de R$ 4,66 pelo litro da gasolina, que ontem variava entre R$ 4,38 e R$ 3,99 - dependendo do posto e de sua localização.

Mas nem tudo são espinhos, diz Novais.

Ele explica que há uma flor que atende pelo nome de Élcio Batista, secretário da Casa Civil do Governo do Estado, ao qual o Sindipostos recorreu e obteve autorização para a abertura - nas 24 horas do dia - dos postos localizados na beira das estradas estaduais e federais na geografia cearense.

Essa abertura é para o atendimento dos caminhoneiros, responsáveis pelo abastecimento do País. 

O presidente do Sindipostos retoma sua lamentação:

"Somos uma atividade essencial. Assim, somos obrigados a manter abertos os nossos postos, mas, infelizmente, não estamos vendendo os nossos produtos porque o consumidor desapareceu, fugindo ou se escondendo do coronavírus. Muitos postos estão registrando altos prejuízos", revela.

A coluna pergunta-lhe: Então, qual é a saída?

Novais sugere que o Governo reduza o ICMS ou permita uma escala, permitindo o funcionamento dos postos em dias alternados, aliviando-osdas despesas com energia, água e manutenção.

"Vamos ter de, outra vez, buscar o apoio da nossa flor no Governo do Estado", afirma Novais, acenando para o secretário Élcio Batista.

EM FAMÍLIA

Responsável por quase duas mil famílias que dependem do seu negócio em Fortaleza e em cidades do interior do Ceará, Honório Pinheiro, sócio e CEO da rede de Supermercado Pinheiro, confessa que, nesta pandemia virótica, reforçou "o sentimento de que o que vale na vida são as pessoas, e que o sofrimento une mais do que a alegria".

Socialmente isolado há 32 dias - com a mulher Carla e os filhos Pedro, de 10 anos, e Carolina, de 20, por conta dos quais fica o momento de lazer - ele usa a tecnologia digital para ver, ouvir e conversar com os outros três filhos e os cinco netos.

Honório confessa que é "muito obediente ao que determina o decreto governamental" que o mantém em seu domicílio.

E faz questão de afirmar que "a polarização é o mais perverso dos vírus".

Cristão e homem de muita fé, Honório Pinheiro resume assim tudo o que, até aqui, o ensinou a tragédia do novo coronavírus:

"Este é um momento que Deus está nos dando para ninguém esquecer. E para se refazer".

SEM VÍRUS

Usina siderúrgica do Pecém, líder das exportações cerenses, e Betânia Lácteos, maior do setor no Nordeste, funcionam há 32 dias sem o registro de um caso sequer de coronavírus.

Elas cumprem todas as exigências das autoridades sanitárias, incluindo o uso de EPIs.

Que tal impor essas exigências às demais empresas do setor industrial cearense? E as do comércio varejista?

HORA DE UNIÃO

Neste momento, o Brasil carece da experiência dos homens e mulheres que possam, com seus conselhos, ajudar a superar esta crise, que era sanitária e social, virou econômica e agora é, também, e perigosamente, de ordem política.

Todos têm de contribuir para a superação da crise, a começar pelo presidente da República.