Celso de Mello evitou crise com a China, maior parceiro comercial do Brasil

Se os comentários contra o governo chinês, feitos na reunião ministerial do dia 22 de abril, tivessem sido divulgados, certamente Xi Jiping retaliaria o Brasil, que manda para a China 80% da soja que produz.

Foi sensato o ministro Celso de Mello ao excluir do famoso vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, ontem exibido, qualquer referência verbal ao governo da China, maior parceiro comercial do Brasil.

Os chineses compram 80% da soja e grande parcela do minério de ferro e das carnes de boi e de frango produzidas pelos brasileiros.

Mello livrou Bolsonaro de um problemão com Xi Jiping, que certamente retaliaria o Brasil por causa do que foi dito - mas não revelado - em relação ao governo de Pequim.

Antes do encerramento do pregão da Bolsa de Valores, o que assustou o mercado financeiro foi uma infeliz nota do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que não entendeu direito um oficio do ministro Celso de Mello, encaminhando ao procurador-geral da República, Augusto Aras, com pedido de um parecer, uma solicitação de parlamentares de vários partidos pela apreensão do celular de Bolsonaro.

O general Heleno afirmou na nota que o pedido "é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional".

Mesmo a divulgação dessa nota não causou efeito danoso - o dólar fechou em queda e os negócios futuros na Bolsa registraram uma subida de dois mil pontos. 

Resumo: do vídeo da reunião ministerial, reprisados mil vezes pelas redes de tevê por assinaura, ficaram os lamentáveis palavrões, as ameaças condenáveis aos ministros do STF feitas pelo ministro da Educação e nada mais de novo, além do que já se sabia.

O ministro Celso de Mello evitou uma crise externa, que teria - esta, sim - consequências imprevisíveis.

ALGODÃO

No Ceará, o algodão é cultivado por pequenos produtores, e isto é um problema.

Alguns deles fazem corretamente os tratos fitossanitários, principalmente o combate ao bicudo, mas outros, não, e tudo fica complicado.

Quem o diz - em tom de reclamação - é o agrônomo José Maria Pimenta, um sertanejo de Quixeramobim, que aconselha:

"Os vizinhos devem plantar na mesma época e seguir o pacote tecnológico da Embrapa, obedecendo às orientações da assistência técnica. Depois, é ir para o abraço", conclui Pimenta.

Mas um industrial diz:

"Isso é difícil. Primeiro, porque a assistência técnica quase não existe. Segundo, porque plantar algodão de sequeiro só vinga em regiões de boa pluviometria, como o Cariri. No resto, só com irrigação".

LEITE 

Por causa do isolamento social rígido - que exige todos em casa para evitar a disseminação do coronavírus - aumentou o consumo de leite, creme de leite e leite condensado.

Em compensação, caíram as vendas de iogurte e queijo mussarela, este muito consumido pelos restaurantes, que seguem fechados.

Fonte: Bruno Girão, CEO da Betânia Lácteos.

DOAÇÃO

Nesta semana, a cearense M. Dias Branco - líder do mercado nacional de biscoitos e massas - fez doação de 15,5 toneladas de seus produtos ao Mesa Brasil, rede nacional de bancos de alimentos do Sesc.

Os produtos doados serão distribuidos entre 100 instituições beneficentes dos estados onde M. Dias Branco tem fábricas.

Essas instituições atendem a 50 mil pessoas, cuja alimentação será reforçada durante esta crise pandêmica.

CRISES

Há uma pandemia a ser debelada - a do coronavírus.

Mas há outra que cresce ao mesmo tempo - a da política, que torna ainda mais difícil uma solução para a terceira crise - a da economia.

Estão fechadas as empresas, estão sendo destruídos os empregos, milhares de pessoas estão morrendo e mais morrerão.

Os políticos têm de solucionar essas crises.