Ceará produz mais leite com tecnologia

A cadeia do leite no Ceará tem provado que responde, rápida e positivamente, aos efeitos da crise hídrica que castiga o Estado há sete anos. Mesmo diante da baixa pluviometria, que segundo a ciência pode persistir em 2020, a pecuária leiteira cearense tem gerado, do ponto de vista econômico, renda (Valor Bruto da Produção - VBP) que, em 2017, alcançou R$ 742 milhões e, do ponto de vista social, a manutenção de 115 mil empregos diretos no campo. Deve ser considerado que, no Ceará, mesmo com tão longo período de escassez de água e apesar da redução do seu rebanho bovino em 12% a produção de leite cresceu 25% por causa do uso da tecnologia empregada nas áreas de produção e do trabalho abnegado dos pecuaristas, cujos ganhos de produtividade, por vaca por lactação, giram em torno 80%.

O agrônomo Zuza de Oliveira, consultor em pecuária, explica à coluna que esse cenário pode ser melhorado ainda mais, desde que haja uma mudança de mentalidade e de ação: "Na minha leitura, as instituições públicas e privadas, incluídos os agentes financeiros, realmente comprometidas com a economia da agropecuária do Semiárido do Nordeste, precisam trocar o chip da mesmice pelo das soluções inteligentes e desburocratizadas para viabilizar o desenvolvimento das poucas cadeias produtivas agropecuárias viáveis nesse sertão de secas recorrentes". Ele cita como um chip inovador o contrato celebrado - e em execução - pela indústria de lacticínios Betânia, os produtores de leite da Região do Jaguaribe e a Fazenda Flor da Serra, já detalhado por esta coluna, por meio do qual o rebanho leiteiro jaguaribano está sendo e será rapidamente repovoado.

Marketing

De Dan Glickman, secretário de Agricultura dos EUA de 1995 a 2011: "Vamos deixar claro uma coisa: o selo orgânico é uma ferramenta de marketing. Não diz nada sobre nutrição ou qualidade". É o que esta coluna tem dito: as frutas, verduras e legumes produzidos pela agricultura orgânica são tão saborosos e nutritivos quanto os da agricultura tradicional, consumidos por 95% da população do mundo. Com uma vantagem para os tradicionais: custam até 50% mais barato.

Desemprego

No Cariri, a maior empresa da bananicultura da região já demitiu 150 funcionários. Se 2020 for um ano de boas chuvas, a umidade trará de volta a praga da sigatoka amarela, e aí a destruição dos bananais será total. E o desemprego, também.

Para a carcinicultura do Ceará, o licenciamento ambiental é o maior gargalo. No Rio Grande do Norte, 90% das fazendas que produzem camarão estão licenciados; na Paraíba, 95%. No Ceará, só 10%. Na última Fenacam (Feira Nacional do Camarão), que se realizou em Natal, este foi o tema das discussões. O RN é governado pelo PT

Por falar em camarão - deve ser dito que no Brasil se come muito pouco esse crustáceo: apenas 400 gramas por habitante/ano. Na Europa, esse consumo per capita é de 14 quilos; nos EUA, 12 quilos; no México, 2,5 quilos. O Ceará e Rio Grande do Norte lideram a produção nacional: 41 mil toneladas cada um produz