Casa dos Ventos, de Mário Araripe, fecha contrato com a Anglo American

A parceria com a mineradora multinacional é o maior volume de compra de energia renovável entre um consumidor final e um gerador no Brasil: serão 95 MW médios.

Empresa controlada pelo cearense Mário Araipe, a Casa dos Ventos, uma das pioneiras e maiores investidoras no desenvolvimento de projetos eólicos no Brasil, assinou contrato de compra e venda de energia renovável de longo prazo com a Anglo American, uma das maiores empresas de mineração do mundo. 

A mineradora será sócia dos parques eólicos de Rio do Vento (504 MW), localizado no Rio Grande do Norte, tornando-se a primeira unidade do grupo no mundo a ser autogeradora de energia.

A parceria com a Anglo American é o maior volume de compra de energia renovável entre um consumidor final e um gerador no Brasil: serão 95 MW médios. 

O acordo, que tem prazo de 20 anos a partir de 2022, será responsável pelo fornecimento de cerca de 30% de toda a energia consumida pelas plantas da mineradora no país. 

"Desenvolvemos um modelo novo, em que assumimos os riscos de construção e operação do projeto e, uma vez que ele comece a operar, o cliente pode exercer a opção de se tornar sócio da usina e autoprodutor", explicou Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos. 

Ao se enquadrar como autoprodutor de sua energia, as empresas reduzem seus custos com a isenção de encargos setoriais.

Com investimento de R$ 2,4 bilhões, a Rio do Vento é formado por oito Sociedades de Propósito Específico (SPE) - sendo três destinados para atender o consumo da Anglo American - o que viabiliza acordos com empresas de portes e setores diferentes. 

Recentemente, a Casa dos Ventos anunciou outros dois contratos para o mesmo projeto: a multinacional brasileira de tecnologia Tivit e a fabricante de calçados Vulcabras Azaleia. 

"Rio do Vento é um grande condomínio onde diversas companhias se beneficiam das economias de escala do empreendimento, um privilégio que era restrito aos grandes autoprodutores e que ampliamos para demais empresas", afirmou Araripe.

Rio do Vento tem 120 turbinas V150-4.2 MW da dinamarquesa Vestas, líder mundial na fabricação de aerogeradores, e está localizado nos municípios de Caiçara do Rio do Vento, Riachuelo, Ruy Barbosa e Bento Fernandes. 

A operação comercial está prevista para o segundo semestre de 2021.

A Casa dos Ventos foca na expansão do complexo eólico e já iniciou as negociações da expansão de Rio do Vento. 

Na segunda fase (Rio do Vento II) , o empreendimento terá sua capacidade instalada dobrada, alcançando mais de 1 GW e tornando-se um dos maiores do mundo. 

"Rio do Vento é um projeto singular. Os ventos que sopram na região são intensos e constantes, característica que nos permite trabalhar com contratos e tarifas muito mais competitivas", disse Lucas Araripe. 

A previsibilidade de tarifas em contratos de longo prazo também é um atrativo para as companhias, que se protegem das volatidades de preço.

Além de sua duplicação, a companhia estuda a hibridização do projeto, unindo duas fontes limpas e renováveis: vento e sol. 
"Na segunda fase, vamos aproveitar toda a estrutura da primeira e ter um único cluster mais competitivo e com operação otimizada", concluiu Araripe.

A companhia ainda desenvolve mais um empreendimento de 350 MW na Bahia, também mirando contratos corporativos de longo prazo.



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