Camilo e Maia querem secretarias atraindo investimentos para os recursos hídricos

Banabuiú tem água para o sertão central, mas só Projeto São Francisco garantirá a agricultura irrigada e a pecuária.

Exclusivo! Todo o conjunto de organismos do governo do Ceará ligados aos recursos hídricos e ao setor agropecuário – SRH, Cogerh, Cagece, Adece e Secretaria Executiva do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico – está mobilizado para cumprir dois grandes desafios, estabelecidos pelo governador Camilo Santana e pelo seu secretário de Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior:

1) oferecer segurança hídrica à população, à dessedentação animal, à agricultura irrigada e à pecuária que compõem o setor primário da economia cearense, além da indústria;

2) atrair novos investimentos privados para todo esse ecossistema, que inclui, por exemplo, empresas que produzem as membranas que serão utilizadas pelas usinas de dessalinização da água do mar, que serão construídas ao longo dos próximos anos no litoral do Estado, e as fabricantes de tubulações usadas em adutoras e nas redes de água e esgoto.

Para este desafio, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalhi (Sedet), engenheiro Maia Júnior, reuniu-se ontem, segunda-feira, 10, com os dirigentes desses organismos.

Entre os presentes, o secretário de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, anunciou ao seu colega da Sedet que, até o fim deste semestre, a SRH – em estreita parceria com o Banco Mundial – publicará o Edital de Licitação Internacional para a construção de 690 quilômetros de adutora em aço – com diâmetro de até 150 milímetros – que garantirão o abastecimento humano de 9 sedes municipais e da área urbana de seus 38 distritos.

Esse projeto faz parte de um contrato celebrado pelo Governo do Ceará com o Banco Mundial no valor de US$ 174 milhões, além da contrapartida cearense.

Este colunista ouviu nesta terça-feira o secretário Francisco Teixeira, que detalhou o projeto dessa adutora, que partirá de “uma moderna Estação de Tratamento de Água (ETA), a ser construída às margens do açude Banabuiú, que acumula hoje 100 milhões de m³ de água”.

A adutora - informa o secretário - beneficiará as cidades (e suas sedes distritais) de Banabuiú, Solonópole, Jaguaretama, Milhã, Deputado Irapuan Pinheiro, Senador Pompeu, Piquet Carneiro, Mombaça e Pedra Branca.

Segundo o titular da SRH, o volume de água existente hoje no açude Banabuiú é e será suficiente para abastecer esse conjunto de sedes municipais e distritais.

“O consumo humano dessas localidades representará apenas 10% da disponibilidade de água hoje armazenada pelo Banabuiú. A população a ser atendida pela adutora é de 220 mil pessoas”, revela Francisco Teixeira.

Na reunião com o secretário Maia Júnior, o secretário de Recursos Hídricos também informou que sua equipe está, prioritariamente, trabalhando na elaboração de um projeto que prevê o reúso da água industrial e agrícola, mas não deu detalhes a respeito.

De acordo com Francisco Teixeira, a SRH tem um olhar voltado para o sertão e outro para o Litoral e a Região Metropolitana de Fortaleza. “Assim como há ‘energia para todos’, estamos envolvidos no esforço de garantir ‘água para todos’, como nos determinou o governador Camilo Santana”.

São Francisco 

O secretário Teixeira explicou ao seu colega Maia Júnior e aos dirigentes da Cagece, Cogerh, Adece e Secretaria Executiva do Agronegócio da Sedet que o Projeto São Francisco de Integração de Bacias - cujas águas já estão fazendo a viagem de Pernambuco para o Ceará (a previsão de sua chegada no Castanhão é daqui a quatro ou cinco meses) – “ajudará muito”.

Mas essa ajuda poderá ser melhor e maior, se a Agência Nacional de Águas (ANA) atender a um pleito dos quatro estados beneficiados (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco) de aumento da outorga dos atuais 26 m³ por segundo para 50 m³ por segundo.

A pretensão não é tão fácil de ser atendida pela pressão que exercerá sobre a ANA o Comitê da Bacia do São Francisco, integrado por organizações sociais que sempre foram contra a transferência de água do Velho Chico para o Nordeste Setentrional.

Teixeira disse que, se o pedido de flexibilização da outorga for atendido, “com mais quatro motobombas – duas para o Canal Leste (em direção a PE e PB), e duas para o Canal Norte (CE e RN) - cada uma com capacidade de 15,5 m³ por segundo – a situação da oferta de água superficial estará resolvida”.

A instalação dessas quatro motobombas custará algo perto de R$ 1 bilhão.

Mas há outro problema: o custo dessa água. A R$ 1 por m³ - como já sugeriu a ANA – estará cara para o agronegócio.

Encontrar uma solução que atenda a todos os atores do Projeto São Francisco – os governos estaduais, a indústria, as empresas da agropecuária e os consumidores domésticos – é outro enorme desafio.