Bolsonaro diz que isolamento não evitou mais mortes e aumentou desemprego

Cercado de deputados federais que o apoiam, o presidente disse na manhã desta quarta-feira, no portão de entrada do Palácio do Planalto, que, por decisão do STF, só os estados e municípios podem suspender o isolamento.

Subiu, e subiu muito, a temperatura política do País!

Na manhã desta quarta-feira, 29, o presidente Jair Bolsonaro, rodeado de deputados apoiadores, disse, no portão de entrada do Palácio da Alvorada, que são os governadores e prefeitos – “por decisão do Supremo Tribunal Federal” que lhes deu essa prerrogativa – os responsáveis pela explosão do desemprego.

Na opinião de Bolsonaro, o desemprego é causado pelo prolongado isolamento social decretado pelos estados e municípios.

A presidência da República não tem poderes – no entendimento do STF – de interromper o isolamento.

Os repórteres que fazem plantão à entrada do Palácio da Alvorada pediram ao presidente uma explicação para a sua declaração de ontem à noite sobre o elevado número de mortes pelo coronavírus.

Bolsonaro iniciou sua resposta, dizendo: “E daí, o que vocês querem que eu faça?” Em seguida, lamentou as mortes e solidarizou-se com as famílias das vítimas.

Hoje, Bolsonaro, acompanhado de cerca de 10 deputados federais, a maioria do PSL, irritou-se novamente com a imprensa, e criticou a manchete de um jornal do Rio de Janeiro e com os comentários que ouviu na televisão sobre o que dissera na véspera.

Queixou-se de que suas palavras foram distorcidas e tiradas do contexto.

Uma deputada apoiadora disse que o presidente mostrou solidariedade às famílias das vítimas do coroavírus, e depois afirmou que o número de desempregados por causa do isolamento social decretado pelos governadores e prefeitos  já é maior do que o de mortos pela pandemia.

O presidente disse que o preocupam a vida das pessoas acometidas pelo coronavírus e também a situação dos que estão perdendo o emprego pelo fechamento das empresas, e insistiu na tese de que isto é consequência do isolamento social prolongado nos estados e municípios.

Vários deputados falaram e alguns deles chegaram a sugerir que a população faça pressão sobre os governadores e os prefeitos no sentido de que o isolamento social seja flexibilizado para que as atividades econômicas sejam retomadas.

No mesmo instante em que Bolsonaro falava, o ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tr8bunal Federal, concedia uma liminar, tornando sem efeito o decreto do presidente da República que nomeou o delegado Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal.

Ramagem é amigo pessoal do presidente e dos seus filhos, dois dos quais estão sendo investigados em inquéritos da Polícia Federal, um deles abertos por ordem do STF.