Avião da economia brasileira entrou em parafuso

Quatro secretários do Ministério da Economia pedem demissão, a bolsa desce e o dólar sobe em busca dos R$ 6.

Entrou em parafuso o avião da economia brasileira. Nesta quinta-feira, 21, pediram demissão quatro dos principais assessores do ministro da Economia, Paulo Guedes, num movimentou que coincidiu com queda de quase 3% da Bolsa e de subida da cotação do cólar.

Deixaram a equipe econômica o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal; o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencour; a secretária especial adjnto do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas; e o seu adjunto, Rafael Araújo.

Segundo noya distribuída pelo Ministério da Economia, o quarteto pediu para sair alegando razões pessoais.
No mercado, circula a versão de que a saída dos secretários está ligada à sua posição contrária a qualquer manobra do governo que possa mexer com o teto dos gastos. 

Cresce a informação de que o ministro Paulo Guedes está disposto a negociar com o Congresso Nacional uma saída legal que permita ao governo oferecer um auxílio mensal de R$ 400 que valeria até o fim do próximo ano, que será de eleição ou reeleição presidencial.

A concessão desse benefício levará o governo a desrespeitar o teto dos gastos, o que, dizem os economistas, terá, como está tendo, péssima repercussão no mercado, uma vez que a medida causará aumento da inflação, subida dos juros e explosão no câmbio.

Por causa do que se lê e do que se ouve em Brasília, a Bolsa operou em grande queda hoje, ao mesmo tempo em que o dólar segue subindo, fecando a R$ 5,66, a caminho dos R$ 6.

Já se fala que, na sua próxima reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, poderá elevar a taxa básica de juros Selic em 1,25% ou 1,50%, o que encarecerá o preço do dinheiro, dificultando, por exemplo, as compras pelo crediário, mas forçará a redução da cotação do dólar, pois os investidores nacionais e estrangeiros virão para cá aproveitando os juros mais elevados.

A pouco menos de um ano da eleição de outubro de 2020, tudo isso preocupa o setor produtivo, que vê ficar mais difícil o cenário da política e da economia. 

Há um problema: há dificuldade do ministro Paulo Guedes em convencer economistas a aceitar o convite para entrar na equipe econômica, que parece não ter músculo suficiente para convencer o Parlamento a aprovar as reformas administrativa e tributária, essenciais para o reequilíbrio das contas públicas.