Anvisa revela: alimentos vegetais são seguros

As coletas incluíram amostras de abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva.   

Os alimetos de origem vegetal são seguros, revela estudo divulgado nesta terça-feira, 10, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Os dados são do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para).

Os resultados das análises foram avaliados com base nos limites máximos de resíduos (LMRs) de agrotóxicos estabelecidos pela Anvisa. Também houve a avaliação de potenciais riscos agudo e crônico à saúde do consumidor.   

Neste ciclo do monitoramento, foram analisadas 4.616 amostras, coletadas nas redes varejistas (supermercados), entre agosto de 2017 e junho de 2018.

No total, foram monitorados 14 alimentos, que representam 30,86% do que é consumido pela população.   

As coletas incluíram amostras de abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva.   

O resultado apontou 41 amostras com potencial de risco agudo, o que representou 0,89% do total de amostras analisadas.

A avaliação considera o potencial risco à saúde após o consumo, em um período de 24 horas, de uma grande porção de um alimento com nível elevado de resíduo de agrotóxico. 

De acordo com a Anvisa, o agrotóxico carbofurano foi o maior responsável pelo risco agudo identificado. O uso deste agrotóxico está proibido pela Anvisa desde abril de 2018, visando reduzir eventuais riscos à saúde. 

Em 2.254 das 4.616 amostras analisadas (49%) não foram detectados resíduos de agrotóxicos.

Em 1.290 amostras das 4.616 analisadas (28%), foram detectados resíduos de agrotóxicos dentro do limite permitido.

Em 41 das 4.616 amostras analisadas (0,89%), foram detectadas potenciais situações de risco agudo.

Não houve registro de qualquer situação de risco crônico.  

Pela primeira vez, a Anvisa realizou a avaliação de potencial risco crônico de resíduos de agrotóxicos em alimentos de origem vegetal. Foram considerados os dados de mais de 15 mil amostras de 28 alimentos, coletadas no período de 2013 a 2018.

Os resultados não apontaram um potencial risco crônico para o consumidor.

O cálculo também considerou o consumo médio diário dos alimentos, por toda a vida, e os LMRs de alimentos não monitorados.  Confira aqui a íntegra do relatório.

O Para é realizado pela Anvisa em conjunto com as Vigilâncias Sanitárias dos estados e municípios, além dos laboratórios centrais de saúde pública (Lacens). Com foco no perfil de consumo dos alimentos no país, o planejamento das coletas é definido com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE), sendo que o número de amostras coletadas de cada alimento é proporcional ao consumo de cada Unidade da Federação (UF).   

A coleta de amostras realizada entre agosto de 2017 e junho de 2018 corresponde ao primeiro de três ciclos de monitoramento do Plano Plurianual 2017-2020. O trabalho envolveu 77 municípios de todos os estados brasileiros, exceto o Paraná.   

De 270 agrotóxicos pesquisados, 122 (45%) foram encontrados nas amostras. Os mais detectados foram imidacloprido, tebuconazol e carbendazim.

O monitoramento revelou que 77% das amostras de alimentos foram consideradas satisfatórias, o que inclui 49% que não apresentaram resíduos dentre os agrotóxicos pesquisados e outros 28% que ficaram dentro de parâmetros estabelecidos, considerando o LMR aprovado pela Anvisa. 

Outros 23% das amostras apresentaram inconformidades, sendo que a maioria (17,3%) apresentou exclusivamente detecção de ingrediente ativo não permitido para a cultura (NPC).   

Todas as demais situações de inconformidade incluem as detecções de ingrediente ativo em concentração acima do LMR (2,3%), ingrediente ativo proibido no país (0,5%) ou amostras com mais de um tipo de inconformidade (2,9%).  

As inconformidades não implicam, necessariamente, risco ao consumidor. O LMR é um parâmetro agronômico, derivado de estudos de campo que simulam o uso correto do agrotóxico pelo agricultor.

Para avaliar os riscos à saúde, deve ser feita a avaliação do risco agudo e crônico, que compara a exposição calculada com os parâmetros de referência toxicológicos.   

Confira as principais orientações da Anvisa para reduzir a exposição a resíduos de agrotóxicos nos alimentos: 

- Optar por alimentos rotulados com a identificação do produtor. Isso contribui para o comprometimento dos produtores em relação à qualidade de seus produtos. 

- Lavar os alimentos com água corrente, podendo-se utilizar também uma bucha ou escovinha destinadas somente a essa finalidade. Os procedimentos de lavagem dos alimentos em água corrente e a retirada de cascas e folhas externas contribuem para a redução dos resíduos de agrotóxicos presentes no exterior, apesar de serem incapazes de eliminar aqueles contidos no interior dos alimentos. 

- Optar pelo consumo de alimentos da época ou aqueles produzidos com técnicas de manejo integrado de pragas, que em geral recebem carga menor de produtos, o que reduz a exposição dietética a agrotóxicos.