Uma Secretaria e não duas para cuidar da agropecuária no Ceará

Elmano Freitas deve juntar SDA e Secretaria do Agronegócio numa só pasta. E mais: 1) Pedro Lima, de 3Corações, fala hoje no CDL Jovem; 2) Dr. Valter Justa aconselha empresário a examinar seus olhos

Em julho deste ano, na abertura da Pecnordeste – a grande feira da agropecuária da região nordestina, realizada no Centro de Eventos do Ceará – foi levantada uma questão política e administrativa que tem diretamente a ver com o governo do estado: por que há duas secretarias para cuidar do agro cearense? 

Hoje, há uma Secretaria do Desenvolvimento Agrário, que trata, com muita atenção e fartos recursos orçamentários, da chamada agricultura familiar, e uma Secretaria Executiva do Agronegócio, que cuida, com verbas são 10 vezes menores, da agricultura e da pecuária empresariais. 

Na Pecnordeste, o presidente da Federação da Agricultura do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, sugeriu na cerimônia de abertura do evento, na presença da governadora Izolda Cela, que o correto seria a existência de apenas uma pasta para tratar da agropecuária. 

Esta coluna pode informar que a ideia de Silveira ecoou fortemente na equipe de transição do governador eleito Elmano Freitas, que já elabora a proposta de criação da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Agrário, que unificará as ações do governo estadual nessa área. Isto significará, na prática, a extinção da Secretaria Executiva do Agronegócio, vinculada à Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho e ocupada pelo agrônomo Sílvio Carlos Ribeiro.
 
A Faec, autora da ideia, desconfia de que o comando da nova pasta deverá ser confiado a alguém com ligação direta com os movimentos sociais, com o que restará pouca atenção e poucos recursos para o incremento do chamado agronegócio, que é empregador intensivo de mão de obra, produz, exporta e gera divisas para o estado e usa recursos próprios para a importação de novas tecnologias, entre as quais a da produção protegida, que garante, por exemplo, a alta qualidade de pimentões coloridos e tomates produzidos, organicamente, na Chapada da Ibiapaba por empresas privadas.

A unificação das duas secretarias que cuidam da agricultura empresarial e da agricultura familiar é mesmo uma boa ideia, porque juntará as políticas do governo para o setor. Mas poderá vir a ser um motivo de dor de cabeça para o futuro governador, se os setores nela já envolvidos não se entenderem.

Esse entendimento, às vezes, é complicado, concordam os dois lados da querela.  

O xis da questão é ideológico – e sabem disto o próprio Elmano Freitas, os líderes que trabalham pela agricultura familiar e os que, do lado empresarial, veem a atividade como uma fonte de geração de renda capaz de criar uma classe média rural com boa capacidade consumidora. 

Este tema ainda será motivo de novos debates e de novas iniciativas.