Está a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) empenhada em tornar realidade o projeto que, liderado pelo governo do Estado e apoiado pela Universidade Federal (UFC), prevê a instalação de um Hub de Hidrogênio Verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
Como protagonista desse esforço, a Fiec tem adotado providências que chegam a surpreender. Neste momento, por exemplo, está na Alemanha o seu presidente, Ricardo Cavalcante, participando da maior feira mundial de tecnologias industriais, integrando uma missão prospectiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No evento, que se realiza em Hannover, Cavalcante apresentou ontem o “Potencial do Hidrogênio Verde no Brasil”, despertando o interesse do plenário no qual estavam empresários, executivos e técnicos de vários países europeus, incluindo a Holanda, por cujo Porto de Roterdã deverá entrar naquele continente o H2V produzido em diferentes regiões do mundo, inclusive o Ceará.
Participar de uma feira mundial – como expositor, comprador, vendedor, técnico ou cientista – não é fácil. Ter a rara chance de apresentar-se e de falar para o público presente, como o fez o presidente da Fiec, é bem mais difícil.
O projeto do Hub do Hidrogênio Verde do Pecém, porém, ganhou a atenção dos europeus, cujas empresas e cujos governos já estão investindo em projetos de produção do H2V, cuja tecnologia ainda se encontra em processo de pesquisa e desenvolvimento, buscando a redução dos custos que, por enquanto, seguem muito altos.
O Brasil dispõe de algumas características que o diferenciam de outros países que também mergulharam em projetos semelhantes. Na geografia brasileira, principalmente em sua região Nordeste, há sol e vento em abundância. Esta coluna costuma dizer e repetir que o Ceará é o domicílio do sol – uma verdade incontestável.
Sol e vento são a dádiva que Deus concedeu à geografia cearense para a geração de energias renováveis – solar e eólica – com as quais, e somente com elas, será possível a produção do Hidrogênio Verde.
Mas, para além do que a natureza oferece, cuidam o governo estadual, a UFC e a Fiec de garantir às empresas que celebraram Memorandos de Entendimento uma mão de obra apta a ser utilizada na implantação e na operação dos projetos.
Para isso a UFC mobiliza o melhor de sua inteligência acadêmica, ao mesmo tempo em que a Fiec já implantou seu Centro de Excelência de Transição Energética, que, pilotado pelo Senai-Ceará, recebe e qualifica o pessoal das empresas geradoras de energias renováveis.
Há, assim, total sinergia das partes interessadas em tornar este Estado um Polo Nacional de Produção do Hidrogênio Verde.
O papel desempenhado pela Fiec e, destacadamente, pelo seu presidente Ricardo Cavalcante é de grande importância para que se torne realidade, no curto prazo, o sonho do Hub do H2V do Pecém.
Esta coluna pode informar que os projetos das quatro empresas que firmaram pré-contratos com a CIPP S/A, administradora do Complexo do Pecém, estão muito avançados.
O da australiana Fortescue, a pioneira, está na fase de elaboração dos projetos de engenharia, ao mesmo tempo em que já garantiu toda a energia solar fotovoltaica de que necessitará para produzir o seu Hidrogênio Verde.
Outra gigante, a brasileira Casa dos Ventos, controlada pelo megaempresário cearense Mário Araripe, também desenvolve projetos de engenharia e – sendo ela a maior do país no setor de energias renováveis – já tem assegurada a energia limpa para a operação de sua futura unidade de produção do H2V.
Resumindo: a presença da Federação das Indústrias do Ceará na Feira Internacional de Hannover é outra demonstração de que o projeto do Hub do Hidrogênio Verde do Pecém está mais próximo da realidade do que estava há três anos, quando foi lançado.
E mais: o Fiec Summit 2023, que se realizará no mês de outubro, terá o dobro dos participantes do evento de 2022.
O êxito desse evento, no ano passado, motivou um interesse maior de empresas e instituições públicas e privadas – nacionais e estrangeiras – o que está levando o comando da Fiec a bem dimensionar, com detalhes, a edição deste ano.
Talvez os auditórios da Fiec tenham ficado pequenos para a grandiosidade do evento.