Preço do algodão dispara e prejudica indústria de confecções

E mais: 1) Crise mundial no setor de logística atrapalha Brisanet; 2) Não há dinheiro para o Arco Metropolitano

Coordenador do Comitê de Algodão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) e gerente de Compras de Algodão da Têxtil União, sediada em Maracanaú, e da Companhia Valença Industrial, na Bahia, o engenheiro cearense Sérgio Armando Benevides Filho, disse a esta coluna que o preço do algodão, no Brasil, alcançou na semana passada sua máxima cotação – R$ 15 por quilo, acumulando neste ano uma alta de 55%.

De acordo com Sérgio Benevides Filho, a alta, registrada na Bolsa de Nova Iorque, é fruto de movimentos especulativos de fundos de investimento, os quais, “mesmo com crise energética na China, inflação e gargalos logísticos no mundo, estão na contramão do mercado de oferta e demanda”. Essa especulação – acrescentou ele – elevou a cotação do algodão para US$ 2,56, quando a média histórica é de US$ 1,65”.

Como consequência da pandemia, cujo pico foi registrado no ano passado, os preços de todas as commodities mundiais despencaram, e o consumo do algodão mundial caiu 17%, tendo o Brasil reduzido a produção da safra 2019/2020 de 3 milhões de toneladas de pluma para 2,35 milhões de toneladas na safra 2020/2021, cujo beneficiamento será concluído neste mês – uma queda de 21%.

Ainda de acordo com Benevides, o Brasil é segundo maior exportador mundial de algodão em pluma. Na safra passada, exportou 2,4 milhões de toneladas, atrás apenas dos Estados Unidos.

“Resultado: a indústria têxtil brasileira que, consome 700 mil toneladas de algodão, fica sem poder de barganha, pois tem de pagar ao produtor rural um preço maior do que o da paridade com o do preço da exportação”, assinala o coordenador de Algodão da ABIT.

Por causa do que Sérgio Benevides Filho chama de “a maior crise mundial de logística da história, tornando o valor do frete maior do que o da mercadoria transportada, o que acontece neste momento, a importação de produtos têxteis provenientes da China, Vietnã e Bangladesh sofreu uma redução de 29% no acumulado de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2019, pois o ano de ano de 2020 não serve de parâmetro pelo pico da Covid-19”.  

Benevides acrescenta: “Com menos produtos importados, a indústria têxtil nacional foi beneficiada, conseguindo repassar, até setembro, os aumentos dos insumos. Contudo, neste mês de outubro, que historicamente é o melhor para a indústria têxtil brasileira, pois a confecção compra muito para o período do Natal, as vendas estagnaram e o setor industrial não conseguirá repassar esse novo aumento do preço do algodão”.

Para ele, está claro que o consumidor de produtos têxteis, diante da inflação que beira os 10%, certamente priorizará, em vez de roupas, a alimentação e outros bens de consumo primário e serviços essenciais.  

ENERGIA SOLAR GANHA NOVA EMPRESA

Novidade: a empresa cearense E1 Energia celebrou acordo de acionistas e contrato de investimentos com os fundadores da GDSolar para a criação de uma nova empresa que atuará no mercado de geração distribuída.

As atividades da nova empresa serão iniciadas em janeiro de 2022.

Essa operação cria uma das maiores empresas de geração distribuída do país.

O fechamento do negócio está condicionado a premissas usuais dessa modalidade. A operação contou com assessoria da R. Amaral Advogados.

NÃO HÁ DINHEIRO PARA ARCO METROPOLITANO

Quintino Vieira, superintendente de Obras Públicas do Governo do Ceará, disse a um grupo de empresários que o Arco Metropolitano – uma autoestrada de100 quilômetros, com dupla pista e vários viadutos – “não será construído no governo Camilo Santana”,

Por que?,  perguntaram os que o ouviram.

“Porque, simplesmente, não há dinheiro”.

O dinheiro a que se referiu o engenheiro Quintino Vieira é uma montanha de R$ 700 milhões. Sem ajuda federal, o Arco Metropolitano será inviável – e Brasília também enfrenta a falta de verbas orçamentárias.

Esta coluna pode informar que o projeto de engenharia do Arco Metropolitano – idealizado no segundo governo Cid Gomes - está pronto.

CRISE NA LOGÍSTICA ATRAPALHA BRISANET

Em Comunicado ao Mercado, a Brisanet, maior telecom do Nordeste, com sede na cidade cearense de Pereiro, revela que enfrenta dificuldades para cumprir o cronograma de sua ampliação na região.

A culpa é da crise mundial do setor de logística. Faltam equipamentos e até veículos automotores para a aceleração dos trabalhos de cabeamento nas cidades e na zona rural nordestinas.

No Comunicado, a brisanet é bem clara: “A Companhia continua tendo seu cronograma de expansão impactado pelo atraso na entrega de veículos. O cabeamento das cidades operou dentro do planejado, mas a etapa seguinte, de fusão – emendas das fibras com splitters armazenados nas caixas – tem sido prejudicada por atrasos na entrega de utilitários menores. Com isso, momentaneamente a Companhia está sendo obrigada a operar com apenas 2/3 das equipes que estavam planejadas e aguarda regularização das entregas para o final de outubro. Um ajuste no planejamento desta infraestrutura vem sendo feito para garantir o atendimento do plano de negócios de 2021.”

E acrescenta

“O crescimento orgânico da base de clientes em setembro foi de 17,8 mil, e ficou abaixo do inicialmente estimado, mas de certa forma em linha com os atrasos na esteira de produção de expansão de fibra óptica, já que existe um período de tempo entre adicionar a infraestrutura e o início de faturamento do cliente.

"Mesmo sendo o maior crescimento orgânico entre os ISPs, a Brisanet esperava estar crescendo a um ritmo mais acelerado. No entanto, a conjuntura atual, onde a inflação tem afetado o poder de compra das famílias, principalmente no Nordeste, onde as classes C e D são mais numerosas, e a concorrência por preços com pequenos provedores, tem tornado o processo de migração para a Brisanet mais gradual e lento.”.

Fundada há 22 anos, a BRISANET é, segundo o ranking da ANATEL, a maior empresa
brasileira entre os provedores independentes de serviços de internet no Brasil. 

Com um portfólio de produtos praticamente 100% em fibra óptica e atuação focada na região
Nordeste do país, a Companhia atua também, por meio da sua controlada AGILITY
TELECOM, que fornece serviços de internet sob o modelo de franquias.

Ao final de setembro de 2021, a Brisanet atendia a 790.731 clientes em 7 estados da
região Nordeste – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoa, Piauí e
Sergipe – passando na frente de 3,7 milhões de domicílios, em 110 cidades.