Lula vai ao encontro de Xi Jiping, o mais influente estadista do mundo

Presidente brasileiro viajará amanhã para Pequim com grande comitiva de políticos e empresários. E mais: Finalmente, nova matriz fiscal vai para o Congresso. Amanhã, sairá o IPCA de março.

Nesta segunda-feira, logo mais às 8h30, o Banco Central divulgará o seu Boletim Focus, documento semanal que indica as previsões de 100 economistas de instituições financeiras para a inflação, o PIB, câmbio e a taxa de juros Selic. Esse boletim está sendo agora acompanhado com mais interesse pelo mercado, tendo em vista as dúvidas que rondam a economia e a política brasileiras.

Nesta semana, o governo enviará ao Parlamento a proposta do novo arcabouço fiscal. Espera-se que o faça durante todo o dia de hoje, uma vez que, amanhã, o presidente Lula, acompanhado de uma grande comitiva de ministros, governadores, deputados, senadores e empresários, viajará para Pequim, onde terá encontro com o presidente chinês Xi Jiping, com o qual assinará acordos importantes, alguns na área da agricultura.

Amanhã, também, será divulgado pelo IBGE o índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, que é o índice oficial da inflação brasileira. A expectativa dos economistas é de que o IPCA de março tenha batido em 0,77, o que, anualizado, dá uma taxa de inflação de 4,7%. 

Se isto realmente se confirmar, haverá um sinal de desinflação, o que contribuirá para a possibilidade de um corte na taxa de juros Selic, algo que o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Coppom, decidirá em sua próxima reunião, daqui a um mês. 

Nos Estados Unidos, amanhã, será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor, que é um dos indicadores da inflação norte-americana. O mercado está prevendo que, no recente mês de março, a inflação dos Estados Unidos tenha sido de 0,3%, o que dá uma taxa anualizada de 5,2%. 

Na quarta-feira, aqui no Brasil, serão conhecidos os números relativos às vendas do varejo no mês de março; na sexta-feira, virão os números relativos ao setor de serviços, e aí entram os preços de salões de beleza e restaurantes, por exemplo.

O mercado mantém o olho voltado para a proposta do arcabouço fiscal, cujo texto está sob análise da Casa Civil do governo, que o enviará, hoje ou amanhã, para o Congresso Nacional. 

Sobre o tema, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse sábado passado que as receitas do governo serão incrementadas em 1% do PIB com as medidas de revisão de isenções e incentivos fiscais, que, é preciso salientar, dependerão da aprovação do Congresso Nacional, onde o presidente Lula não tem maioria. Para obtê-la, ele terá de negociar com deputados e senadores, e essa negociação sempre tem um custo alto, às vezes altíssimo, para o Tesouro. 

Mas esta semana será marcada pela viagem do presidente Lula à China, que é o principal parceiro comercial do Brasil.

O presidente embarcará amanhã para Pequim, acompanhado de políticos e empresários. Essa viagem deveria ter acontecido no mês de março passado, mas Lula enfrentou uma inesperada broncopneumonia que o impediu de viajar. Agora, pessoalmente, ele assinará acordos importantes, alguns dos quais na área da agricultura. 

A reunião com o presidente Xi Jiping e o comunicado conjunto que será divulgado em seguida serão eventos importantes do ponto de vista político. 

Lula abordará na conversa com o todo poderoso dirigente chinês a questão da guerra na Ucrânia. Para o presidente brasileiro, é necessário constituir um grupo de países, equidistantes do conflito, para tentar mediar uma saída para o fim da guerra da Rússia com a Ucrânia.

Apesar de declarar-se neutro nessa questão, a China tem, desde fevereiro do ano passado, um acordo ilimitado com a Rússia. Um dos trechos desse acordo – assinado em Pequim pelo presidente russo, Vladimir Putin, e pelo presidente chinês Xi Jiping, dz o seguinte: 

“As novas relações interestatais entre Rússia e China são superiores às alianças políticas e militares da época da Guerra Fria. A amizade entre os dois Estados não tem limites, não há áreas proibidas de cooperação”. 

Trata-se, como se observa, de um casamento indissolúvel sob o ponto de vista político, sendo, pois, muito difícil que a China possa mediar a paz entre Rússia e Ucrânia sem favorecer o seu especialíssimo aliado. 

Entre as possíveis concessões que a Ucrânia teria de fazer para alcançar o fim da guerra seria o reconhecimento da Crimeia como legítimo território russo, o que o presidente ucraniano, Volodoimir Zelenky, não aceita.

O presidente chinês Xi Jiping é, hoje, o mais influente estadista mundial. Para que se tenha uma ideia de sua importância e de sua influência, basta dizer que, somente na semana passada, visitaram Pequim e estiverem reunidos com ele o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez; o presidente da Indonésia, Joko Widodo; e o presidente da França, Emmanuel Macron. 
 
Xi Jiping acaba de obter uma vitória diplomática sem precedentes: ele reuniu a Arábia Saudita e o Irã, que acabam de reatar relações diplomáticas, devendo abrir embaixadas em suas respectivas capitais. Foi uma vitória diplomática chinesa numa região, o Oriente Médio, onde os Estados Unidos sempre deram as cartas e onde não têm mais a força política que tinham antes. 

E a geopolítica mundial sendo redesenhada.