Foi um massacre a votação do texto da proposta do arcabouço fiscal, que aconteceu ontem à noite na Câmara dos Deputados. A proposta do governo foi aprovada por 372 votos contra apenas 108. Para a aprovação, eram necessários 257 votos a favor. O resultado pode ser entendido como uma grande vitória do governo.
Hoje, quarta-feira, 24, serão votados os destaques. Em seguida, o texto da nova matriz fiscal seguirá para a apreciação do Senado Federal.
A aprovação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados deverá ter, nesta quarta-feira, repercussão positiva no mercado financeiro, prevendo-se que a Bolsa de Valores B3 opere em alta, revertendo a operação de ontem, que encerrou o dia com queda de 0,26%, aos 109.929 pontos.
O dólar, por seu turno, fechou quase na estabilidade, com alta de 0,02%, cotado a R$ 4,97.
Antes da aprovação da nova matriz fiscal do governo, houve outro fato político importante. Por iniciativa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, reuniram-se o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; e o próprio senador Pacheco. Eles fumaram o cachimbo da paz, mas encaminharam, digamos assim, boas ideias para o presidente Lula e seu governo.
Por exemplo: as quatro autoridades entendem que o marco do saneamento, a independência do Banco Central e a privatização da Eletrobras são decisões já tomadas pelo Congresso Nacional e, por isto mesmo, será inviável qualquer tentativa de alteração do que foi aprovado e está valendo.
O Palácio do Planalto tem mandado sinais quase diários, pela voz do próprio presidente Lula, de que deseja a reestatização da Eletrobras e o fim da independência do Banco Central, e ainda quer mexer no marco do saneamento para favorecer empresas estatais. De acordo com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, se o governo tentar mudar o que foi decidido pelo Parlamento será derrotado nas duas casas do Congresso.
Essas decisões já são hoje uma realidade nacional, como disse à imprensa o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, logo após a reunião das quatro autoridades. O presidente da Câmara reforçou o que disse Pacheco e elogiou o ministro Fernando Haddad, cujas pautas com o Parlamento, incluindo o arcabouço fiscal, foram elogiadas.
O ministro Fernando Haddad, por sua vez, afirmou que está muito bem impressionado com o interesse de deputados e senadores pelos assuntos da economia, em torno do que há um claro consenso, como ele disse.
Uma informação que chega agora do mercado mundial de petróleo anuncia que a Organização dos Países Produtores de Petróleo, a Opep, e seus aliados poderão reduzir, novamente, a sua produção para forçar o aumento dos preços internacionais do produto.
No início deste ano, a Opep cortou em 1,6 milhão de barris por dia a sua produção de petróleo, numa tentativa de forçar a subida do preço. Agora, a organização antecipa que fará novo corte na produção do óleo, segundo anunciou hoje o ministro de Energia da Arábia Saudita, Abdullaziz bin Salman.
Resultado imediato deste anúncio: o preço do petróleo do tipo Brent, negociado na Bolsa de Londres, que ontem foi vendido a US$ 75 por barril, está sendo negociado nesta quarta-feira a US$ 77,58. Se esse preço passar dos US$ 80, a Petrobras poderá ser forçada a mexer nos preços dos combustíveis aqui no Brasil.
Por causa dessa nova decisão da Opep, é provável que as ações da Petrobras sejam valorizadas no pregão de hoje da Bolsa de Valores B3.