Bolsa sobe e dólar desce. Mercado não gostou de Pochmann no IBGE

B3 passou dos 122.500 pontos e dólar recou para R$ 4,72. Indicação de Márcio Pochmann desagrada ministra doPlanejamento, Simone Tebet, a cuja pasta o IGE está vinculada

Ontem, quarta-feira, dia 26, foi um novo dia de ganhos na Bolsa de Valores brasileira B3. Ela fechou o dia com alta de 0,55%, aos 122.560 pontos. E o dólar perdeu força, também, encerrando dia cotado a R$ 4,72.

A quarta-feira começou com a divulgação da notícia de que a agência de risco norte-americana Fitch elevou a nota brasileira de BB- para BB. Há um mês, a S&P havia também melhorado a nota de risco do Brasil, que está em BB-, mas saindo de negativo para neutro.

As duas decisões, porém, parecem mais ligadas à possibilidade, que é grande, de que a taxa básica de juros Selic começará, na próxima semana, um ciclo de redução. Na terça e na quarta feiras da semana que vem, o Copom do Banco Central fará reunião para decidir sobre o assunto.

De qualquer maneira, a melhora da posição do Brasil por essas duas agências de risco abre a possibilidade de que fundos estrangeiros venham a investir na Bolsa B3 na compra de ações de empresas brasileiras, que estão baratas. 

A  Moody’s, outra agência de risco, ainda não se pronunciou sobre o risco Brasil.

Mas, para que o Brasil retome o grau de investimento, serão necessárias mais reformas. Por enquanto, há a muito boa expectativa de que o Congresso aprove, até fim deste ano, as reformas Tributária e o Arcabouço Fiscal. O Parlamento brasileiro está em recesso, mas retomará seus trabalhos na segunda semana de agosto.

Durante a tarde de ontem, saiu a decisão do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, que aumentou em 0,25% a taxa diretora dos juros da economia norte-americana. 

O presidente do FED, Jerome Powell, disse, após a reunião, que poderá ser possível que novos aumentos acontecem, a depender de como se comportará a inflação no país.

Ontem, o governo anunciou a indicação do economista Márcio Pochmann para a presidência do IBGE, o órgão que comanda as estatísticas oficiais sobre a economia brasileira. É o IBGE, por exemplo, que elabora, mensalmente, o IPCA, índice oficial da inflação do país. 

Pochmann é um técnico ligado ao PT e sua indicação teve o apoio das lideranças do partido e o beneplácito do presidente Lula, mas foi uma derrota para a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a cuja pasta o IBGE está subordinado.

No mercado, abre-se a hipótese de que a presença de Pochmann no IBGE será mais uma maneira de pressionar o Banco Central a acelerar a redução da taxa básica de juros Selic. 

A autoridade monetária está sob pressão para que a primeira queda da taxa de juros seja de 0,50%, no mínimo.

O Comitê de Política Monetária, o Copom, é integrado pelos nove diretores do Banco Central, sendo que dois deles, recentemente empossados, foram indicados pelo presidente Lula e pelo seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e votarão, com certeza, pela queda maior da Selic.

O temor do mercado é de que o IBGE, sob o comando de Márcio Pochmann, possa mudar os métodos de apuração dos índices que medem a inflação e o mercado de trabalho brasileiros.