Agropecuaristas querem usinas de dessalinização em Aracati e Icapuí

Empresários do agronegócio querem conhecer os detalhes técnicos e financeiros da proposta da Marquise para a construção da primeira usina dessalinizadora da água do mar, pois eles balizarão os próximos projetos.

Para os empresários da agropecuária cearense, serão as usinas de dessalinização – a serem instaladas ao longo do litoral do Estado, principalmente no Leste de sua geografia – que, no futuro próximo, garantirão a oferta hídrica para os projetos da agricultura irrigada que produzem e exportam alimentos para o consumo humano e animal. 

Por isto mesmo,eles seguem com muito interesse a fase final do processo licitatório administrado pela Cagece, que, nos próximos dias, anunciará o vencedor do certame aberto para a construção da primeira dessas usinas na Praia do Futuro, em Fortaleza, cuja produção – de 1 m³ por segundo  de água doce – será injetada, devidamente tratada, na rede distribuidora da capital cearense. 

O Grupo Marquise – assessorado pela SM Consultoria – ofereceu à Cagece o melhor preço para a água a ser produzida pela usina, mas sua proposta ainda está em análise pela estatal. 

O volume de 1 m³/s é pequeno para o atual consumo da Grande Fortaleza, que gira em torno de 10 m³/s. Mas o empreendimento balizará os projetos das futuras dessalinizadoras, que são necessárias ao longo do litoral de Aracati e Icapuí, onde se encontram grandes áreas propícias à fruticultura irrigada. 

Os agropecuaristas interessados no desenlace do processo licitatório da Cagece querem conhecer, principalmente, os detalhes financeiros da proposta da Marquise, pois eles guiarão os próximos projetos. 

Um empresário que tem projeto de agricultura irrigada na Chapada do Apodi disse à coluna que poderá investir na construção de uma usina dessalinizadora, se o retorno do investimento compensar. 

Na sua opinião, todo Leste do Ceará – incluindo os municípios de Aracati, Icapuí, Quixeré, Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte – compõe o que se pode chamar de "Califórnia cearense", cujo futuro dependerá da oferta de água. 

Para assegurar, permanentemente, essa oferta aos empreendimentos do agronegócio naquela região, a saída será a dessalinização da água do mar, que poderá ser transportada para diferentes áreas por adutoras tubulares enterradas. 

“Vamos aguardar mais alguns dias para conhecer os detalhes técnicos e financeiros da proposta da Marquise. A tecnologia da osmose reversa está à disposição e já é utilizada largamente em várias partes do mundo, inclusive nos EUA”, disse a mesma fonte.
 
SALGADO-APODI

No fim de julho passado, os presidentes das federações das indústrias e da agricultura do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba encaminharam ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, um detalhado documento técnico em que solicitaram a construção do Ramal Salgado-Apodi, integrante do Projeto S. Francisco de Integração de Bacias. 

O presidente deu o sinal verde. Na próxima sexta-feira, no auditório da Fiec, o ministro Marinho assinará, na presença dos signatários do documento que a tudo deu origem, o Edital de Licitação para a construção do ramal Salgado-Apodi, que levará água do rio São Francisco a várias cidades dos sertões da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, incluindo Mossoró, que tem hoje cerca de 400 mil habitantes. 

Concebido pelo engenheiro Francisco Teixeira, secretário de Recursos Hídricos do Ceará e ex-ministro da Integração Nacional, a ideia desse ramal foi apresentada em almoço que o reuniu, em junho, com cerca de 20 empresários da agropecuária cearense, que a levaram à apreciação dos presidentes da Fiec, Ricardo Cavalcante, e da Faec, Flávio Sabóya, que com ela concordaram imediatamente. 

O passo seguinte foi buscar o apoio dos presidentes das federações das indústrias e da agricultura do Rio Grande do Norte e da Paraíba, os outros dois estados receptores, que também apoiaram a ideia. 

Em seguida, com o apoio técnico do agrônomo Ramon Rodrigues, secretário adjunto da SRH, foi elaborado o documento técnico, devidamente ilustrado por mapas que localizaram cada trecho do Ramal Salgado-Apodi, o qual foi assinado pelos líderes da indústria e da agricultura dos três estados. 

No dia 28 de julho, os empresários Luiz Roberto Barcelos, sócio e diretor institucional da Agrícola Famosa e da Abrafrutas, e o industrial e agricultor Raimundo Delfino entregaram a reivindicação ao ministro Marinho.

Esta coluna apurou que, além do ramal Salgado-Apodi, o ministro do Desenvolvimento Regional deverá anunciar outras medidas que a sua pasta adotará no curto prazo em benefício do Nordeste.

ROGÉRIO CENI

Diz e repete a torcida do Fortaleza Esporte Clube: "Os outros times têm treinadores. O Fortaleza tem Rogério Ceni".

Faz sentido. Ontem à noite, por uma hora e meia, no programa "Bem, amigos", do Sport TV, Rogério Ceni mostrou suas virtudes como profissional do futebol, como pessoa e como expositor.

Como se estivesse executando o primeiro concerto de Liszt para piano e orquestra, Ceni comprtou-se como um virtuoso, falando com uma desenvoltura que seus colegas de profissão não têm. E com o detalhe de que suas opiniões são construídas com verbos, advérbios e pronomes nos seus devidos lugares.

Ceni é o "up grade" dos técnicos brasileiros do futebol.

Humilde, reconheceu que à frente dele estão solistas mais experientes, citando Jorge Sampaoli, do Atlético Mineiro, e Fernando Diniz, do São Paulo, seu adversário de amanhã, no Castelão, pela Copa do Brasil. 

Quando Galvão Bueno disse que Ceni será técnico da Seleção brasileira, o treinador do Fortaleza o interrompeu para dizer: "Não agora. Ainda tenho pouca bagagem".

Ele disse: 1) Os gramados dos estádios brasileiros são ruins, altos e duros. O do Camp Nou, do Barcelona, tem menos de um centímetro de altura; 2) Cumprirá até o fim seu atual contrato com o Fortaleza, que irá até o fim de fevereiro de 2021; Poderá renovar o contrato com o tricolor de aço, mas também poderá ir para um clube de ponta; 3) Está com saudade da torcida do "tricolor de aço", proibida de ir ao Castelão por força da pandemia da Covid-19; 4) Seu elenco no Fortaleza, de apenas 23 jogadores de linha, é pequeno para tantos jogos em tão pouco tempo; 5) Está feliz no Fortaleza.



Assuntos Relacionados