Agro é para os vocacionados

Numa área de 32 hectares do Perímetro Irrigado Tabuleiros de Russas, o técnico agrícola Francisco Marciano Bezerra é o puro e acabado exemplo do que podem alcançar, juntas, a disposição para o trabalho, a coragem de vencer desafios e a vocação empreendedora capaz de descobrir e aproveitar nascentes oportunidades. Marciano começou com uma área de 16 hectares, cultivando mandioca e palma forrageira. Ganhou dinheiro, logo aplicado na aquisição de outro lote de área semelhante. Aí, ele viu que tudo aquilo era bom e promissor, desde que sob uma gestão proba e eficiente.

E transformou sua gleba em uma empresa - a Fazenda Verde Valle Agropecuária, que hoje, além de mudas de mandioca (em 14 hectares) e palma forrageira (em outros 14 hectares), comercializadas para produtores de todo o Nordeste e servindo para a alimentação de seu pequeno rebanho leiteiro que lhe dá 110 litros de leite por dia, ainda produz uva sem semente em dois hectares. Tudo irrigado por gotejamento, processo que, embora tecnologicamente moderno, lhe custava uma salgada conta de energia elétrica. Bem informado sobre o potencial de sua Verde Valle, Marciano correu em busca do BNB, onde descobriu o FNE-Sol, uma linha especial de crédito para o financiamento de projetos de geração de energia solar fotovoltaica. Pediu e obteve, emprestados pelo banco, cerca de R$ 160 mil, com o que comprou e instalou 105 painéis solares que, gerando agora até 4 mil KW/mês, o tiraram da lista de clientes da Enel. Marciano, agora, gera sua própria energia. O financiamento do BNB será pago em 10 anos com dois de carência. Marciano fez as contas: quando começar a pagar pelo empréstimo (ele goza hoje do prazo de carência, aplicando na poupança o que seria a conta da luz), a parcela mensal será similar à da antiga fatura da Enel, com a vantagem de que o ativo solar lhe pertence. Nos últimos cinco anos, ele vendeu o equivalente a R$ 20 milhões em palma, mandioca e uva. Morando na fazenda com a mulher e os filhos - que estão na escola púbica - Marciano conhece, como técnico agrícola, o que o solo e o clima, aliados à oferta hídrica e à melhor tecnologia, podem dar ao vocacionado para a agricultura.

Imposto

Para o requisitado advogado tributarista cearense Carlos Cintra, a proposta de cobrança de um imposto sobre transações financeiras digitais, com alíquota de 12%, é uma má ideia. Essa alíquota "é muito superior aos 3,65% e aos 9,25% que hoje oneram a maioria das empresas, e isto poderá dificultar a exploração dos serviços que não empregam insumos, os chamados 'serviços puros', como os da contabilidade e da advocacia, por exemplo". A ideia está embutida na proposta de Reforma Tributária do ministro Paulo Guedes.

S. Francisco

Na opinião do engenheiro Cássio Borges, é o Dnocs o organismo ideal para assumir a gestão do Projeto São Francisco de Integração de Bacias. Ele argumenta que nenhum outro ente da União tem a experiência em recursos hídricos que o Dnocs acumulou em seus 120 anos de existência. O problema do Dnocs é a falta de quadros técnicos -- os melhores aposentaram-se ou estão em vias de obter a jubilação.

A solução

Uma fonte desta coluna, engenheiro especializado em recursos hídricos, sugere que um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), "por meio de leilão ou similar", será o mais rápido e mais eficaz instrumento, "juridicamente perfeito", para uma solução definitiva à operação e manutenção do Projeto S. Francisco de Integração de Bacias (PISF). "Mas desde que o Termo de Referência do certame seja elaborado de maneira ampla e isenta de vícios espúrios, abordando também a conclusão definitiva da obra, a eliminação das patologias existentes e a entrega da água bruta ao destino final nos estados, com preços máximos de até R$ 0,50 por m³, tudo isso com recursos da iniciativa privada". O engenheiro conclui assim: "O empreendimento deve ser embasado na sustentabilidade das energias renováveis, na dessalinização, que é por onde caminhará o 'novo anormal' (anormal mesmo) pós Covid, e no armazenamento. Tudo isto é possível".

Desmatamento

Revela a revista Nature: o desmatamento cresceu 69% na ecológica Europa.