Análise: entenda a escalação de Rogério Ceni e as lições que o Fortaleza tira do Clássico-Rei

Você pode concordar ou não com a explicação, mas ela existe e faz sentido

Legenda: Rogério Ceni vai comandar o Fortaleza na Série A pelo 2º ano seguido
Foto: JL Rosa

Como falei anteriormente na análise do Ceará, faria um texto pra analisar somente o Fortaleza no Clássico-Rei desta terça-feira (28), pela semifinal da Copa do Nordeste. Vou dividir esta análise por tópicos, e um dos pontos que mais chamou atenção dos torcedores foi a escalação.

ESCALAÇÃO
- Antes mesmo da bola rolar, tricolores não entenderam a entrada de Marlon e Mariano Vázquez como titulares, enquanto nomes como Romarinho, Yuri César e Wellington Paulista estavam no banco.

- A escalação tem uma estratégia clara, confirmada pelo próprio Rogério Ceni ao fim do jogo. Você pode concordar ou não com a explicação, mas ela existe e faz sentido.

- Vamos tentar enxergar não apenas o jogo de ontem, mas o calendário macro. É fato que o Fortaleza tem um elenco curto quantitativamente. Wellington Paulista vinha de dois jogos em sequência (América-RN e Sport) e muito tempo em campo em ambos. Já é um jogador experiente e que tem dificuldade em atuar 90 minutos, ainda mais em sequência.

- Romarinho, a mesma coisa. Embora mais jovem, é um dos atletas com maior minutagem no elenco pós-paralisação e vinha de uma sequência desgastante. Yuri César era um trunfo que poderia, num lance, decidir o jogo - como quase faz em bola que bateu na trave.

- A estratégia era manter posse de bola e tentar conter o ímpeto do Ceará no primeiro tempo (que mandou a campo um time mais forte fisicamente) para utilizar o melhor destes jogadores no 2º tempo, com maior gás e intensidade, contra um adversário já mais desgastado e cansado.

- Se começa com todos eles titulares, não teria como fazer as trocas para que a equipe pudesse evoluir.

- "Se eu começo com Wellington, com Romário, com o time que venho jogando sempre, eu não tenho as trocas no final para fazer. Eu imaginaria que o jogo seria decidido no final, por isso nós seguramos. Entre ter um atleta lesionado e poder usar ele no segundo tempo, com mais fôlego para aproveitar as oportunidades dadas pelo adversário, eu prefiro a escolha baseada nisso", confirmou Ceni ao fim do jogo.

- O Fortaleza teve, de fato, mais posse de bola, mas foi uma posse infértil, sem verticalidade. E acontece que, como saiu atrás do placar, se viu na obrigação de correr atrás do prejuízo. Isso prejudicou a estratégia, obviamente, e o resultado não foi o esperado.

- Curioso: o nome mais criticado na escalação foi o que melhor atuou no ataque. Marlon fez jogo digno dentro de suas limitações. Os outros da linha de frente deixaram todos a desejar.

LIÇÕES DA DERROTA
- É preciso destacar que há méritos do Ceará no resultado. Mas, independente disso, o Tricolor apresentou outros problemas, que ficam como lições desta derrota. A atuação foi muito abaixo de forma geral.

- A postura foi muito apática, passiva. O Ceará foi mais vibrante que o Fortaleza. O Tricolor levou a pior em várias divididas e em duelos 1x1, sem falar que não teve a concentração e competitividade que já apresentou em outros momentos decisivos.

- As investidas de velocidade pelos lados do campo não fluíram. Felipe Alves não conseguiu iniciar as construções de jogadas pelo chão de forma vertical e as bolas longas para as "casquinhas" dos laterais não funcionaram. Não teve jogadas de ultrapassagens pelos lados do campo.

- Os volantes/meias Felipe e Juninho (errou demais) bem que tentaram, mas foram muito bem marcados e isso dificultou totalmente a fluidez da equipe.

- Faltou também profundidade. O Fortaleza não deu uma finalização sequer que exigisse grande defesa de Fernando Prass. O lance mais perigoso foi de Yuri César, que bateu na trave e foi pra fora. De resto, o ataque foi muito mal. Nesse aspecto, a ausência de WP9 foi visível. David, como referência, fez um jogo muito ruim.

- Uma lição importante que fica é de que o Fortaleza é, hoje, um time muito mais observado. Guto Ferreira estudou minuciosamente o Tricolor para neutralizar os pontos fortes. Isso acontecerá cada vez mais daqui pra frente. É preciso se reinventar.

- Serão dez dias até a estreia na Série A do Campeonato Brasileiro. Tempo que Rogério Ceni terá para corrigir os problemas, buscar mais alternativas e encontrar soluções, mas também cobrar reforços. O elenco do Fortaleza precisa de mais quantidades e peças que possibilitem a manutenção do alto nível.

- Encontrar uma alternativa de jogo ao esquema atual? Novas peças para se ter uma variação? Talvez.

- Sobretudo em um campeonato que já é uma maratona, e será ainda mais nesta temporada, é preciso mais peças.