Reuniões, pautas comuns e 'provocações': a relação entre Robinson de Castro e Marcelo Paz

Os dois sabem que não precisam ser melhores amigos, mas que, juntos, podem trabalhar com mais força e relevância na busca por interesses mútuos

Tenho contato frequente com Robinson de Castro, presidente do Ceará, e Marcelo Paz, presidente do Fortaleza. Mas o debate que realizamos, nós três, no "Conexão SVM em Casa", foi uma das melhores entrevistas que já realizei com ambos (e, pela primeira vez, em conjunto).

Em mais de 1h30min, tempo que passou voando, foram vários os assuntos abordados, que você, leitor, pode assistir detalhadamente aqui.

Mas um deles, de bastidor, me chamou atenção.

É de conhecimento público que as diretorias de Ceará e Fortaleza possuem, atualmente, relação inédita de maior proximidade. Isso ocorre por racionalidade e estratégia.

A evolução na rivalidade passa diretamente pelo profissionalismo das duas gestões que têm trabalhado em conjunto em questões como, por exemplo, patrocínios, gestão compartilhada do Castelão, interesses comerciais, direitos televisivos, posicionamentos esportivos e etc.

Não são raras as reuniões entre Robinson de Castro e Marcelo Paz, nem de suas diretorias em conjunto.

Quase ao fim do debate, sugeri que cada um fizesse uma pergunta ao outro. Foi aí que surgiu o "racha" que ambos organizarão.

Na descontração, foi possível notar a relação cordial entre os presidentes.

Além de reuniões e pautas comuns, há também as brincadeiras e 'provocações' intrínsecas da rivalidade.

"Realmente, a gente tem conseguido construir muita coisa em comum, deixando nossa rivalidade dentro de campo. É óbvio que eu 'seco' todos os jogos do Fortaleza, né (risos). Assumo algumas brincadeiras, que faz parte do futebol, e o Marcelo também não é diferente. Às vezes, termina jogo do Ceará, eu ligo pra ele pra conversar algum assunto e já pergunto logo: "Eai, secou muito?". Aí ele ri. E também quando a gente almoça juntos, tem alguma situação, eu já pergunto logo se ele quer um suco de manga, e tal. E ele fala "olha o ovo aí". É essa brincadeira que, no final, a gente tem que saber conviver. O futebol é pra trazer alegria e, claro, quem ganha vai curtir com o que perde, e vice-versa. Tem um dia que é da caça, outro é do caçador, faz parte. E a gente tem essa tranquilidade e maturidade, que eu acho que é importante, pra entender e saber separar muito bem essas coisas", disse Robinson.

Nesta relação, há divergências, claro. Há momentos que um pode se irritar com o outro. É normal no futebol.

Mas enquanto os dois souberem que juntos podem trabalhar com mais força e relevância na busca por interesses mútuos, quem ganha é o futebol cearense.