Dentro do Jogo: entenda como Rogério Ceni faz a bola parada ser mais um diferencial no Fortaleza

Com inteligência, Rogério Ceni torna bola parada uma de suas principais armas

Como já falei aqui, a continuidade de Rogério Ceni é um do principais trunfos do Fortaleza para a temporada 2020. O Tricolor é uma equipe bem montada, organizada e que apresenta muitas alternativas de jogo. Com a bola rolando, sabe como deve se comportar, tanto na fase ofensiva como na defensiva.

Há um outro momento que é fundamental, mas acaba não recebendo tanta atenção em muitas equipes: a bola parada. E Rogério Ceni tem utilizado esse momento do jogo de forma extremamente inteligente, o que tem rendido várias vantagens e vitórias, como veremos aqui.

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Antes, uma breve contextualização. Um jogo de futebol conta, basicamente, com quatro momentos (chamados de fases):

  • Defesa: quando o adversário tem a posse de bola e a equipe está organizada para se defender;
  • Ataque: quando a equipe tem a bola e está organizada para atacar;
  • Transição Ofensiva: momento após a recuperação da bola. A equipe já está com a posse de bola, mas ainda não está totalmente organizada para atacar. Contra-ataques costumam ocorrer nessa fase. A transição ofensiva acaba quando a equipe está organizada para atacar ou quando a bola é perdida durante a transição;
  • Transição Defensiva: Momento após a perda da posse de bola, que a equipe procura a organização defensiva. Termina quando a equipe encontra seu equilíbrio defensivo, reiniciando a fase de defesa e o ciclo de jogo;

Mas há um outro momento, a bola parada, que é considerada "à parte" por não ocorrer com a bola rolando, como bem cita Caio Gondo, analista de desempenho do Vila Nova: "A bola parada é, atualmente, considerada a quinta fase de um jogo de futebol".

Ao que interessa: como o Fortaleza tem se aproveitado da bola parada? Os números recentes mostram.

Nos três jogos que fez desde que voltou após a paralisação, o Fortaleza marcou 8 gols (vitórias por 5x0 e 1x0 sobre o Guarany e 2x1 sobre o Ceará). Destes 8 gols, 4 foram originados diretamente de bola parada. Corresponde a 50%. Veja:

Nestes gols em específico, há alguns detalhes a se destacar:

Um outro fator essencial: Juninho. O meio-campista tem qualidade na bola parada e a sua cobrança é muito importante para que as jogadas sejam executadas como planejadas. A prova disso é a última imagem. O tipo de batida faz toda a diferença. Não à toa foi ele o cobrador de três dos quatro gols acima.

A bola parada do Fortaleza não é forte só de agora. No ano de 2020, em 17 jogos, o Fortaleza marcou ao todo 33 gols, e 12 foram originados diretamente de bola parada. É mais que um terço dos gols. A maioria em jogadas de escanteio.

  • Escanteio: 8
  • Pênalti: 3
  • Falta: 1

Em 2019, na Série A do Campeonato Brasileiro, foi parecido. Levantamento do analista Diego Ângelo, educador físico e membro do Taticast, aponta que 16 dos 50 gols do Tricolor no Brasileirão foram originados de bola parada. Corresponde a 32% do total.

Importante: isso só é possível após muitos treinos. Não acontece da noite pro dia. A repetição das jogadas no dia a dia é o que faz a execução ser bem feita na hora do jogo. Depois de um tempo, as movimentações ficam automatizadas para os jogadores. Por isso que a continuidade de trabalho, citada nas primeiras palavras deste post, é tão importante.

Bola parada ganha jogo. Estratégia ganha jogo. Mas é preciso saber utilizar.

No Fortaleza, Rogério Ceni sabe muito bem