Os índices são excelentes para gerar discussão e comparações. Se esses tratam da realidade das cidades, maior ainda é a curiosidade. Neste contexto, semana passada, foi lançada a primeira edição do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC). A quantificação da sustentabilidade das cidades é iniciativa do Instituto Cidades Sustentáveis e considera o desempenho das urbes brasileiras de acordo com os 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Sobre os ODS é necessário esclarecer quais são. A ONU estipulou uma agenda de desafios socioambientais na escala mundial e pontuou o ano de 2030 como marco para superá-los. A título de exemplo, o primeiro ODS é erradicar a pobreza, mas há outros como: igualdade de gênero, consumo e produção sustentáveis, cuidado da vida terrestre e aquática; e, por aí vai.
Voltemos ao assunto principal: a qualificação produzida pelo Índice. A metodologia permite listar as cidades por escala (nacional e estadual) e tamanho populacional, pontuando-as entre 0 e 100, onde zero é a pior situação e cem a melhor.
Na classificação geral, todas as primeiras colocadas são cidades do estado de São Paulo e a primeira é São Caetano do Sul, no ABCD Paulista.
E no caso cearense, como está a situação? A cidade mais bem pontuada é Sobral com 52,43 pontos; todavia, na ordem nacional está na 1126ª posição. Entre as cidades com até 25 mil habitantes, Guaramiranga (50,98) é a melhor posicionada. Nas cidades com tamanho populacional inseridas entre 25mil e 100mil habitantes, é Limoeiro do Norte (51,25) que desponta.
Fortaleza (50,23) encontra-se na 7ª posição estadual e na 1619ª nacional. Em comparação às demais grandes cidades, a terra de Iracema encontra-se na 12ª, atrás de Salvador e Recife.
Na leitura por objetivo nos é permitido fazer uma análise detalhada. A capital cearense tem notas consideradas baixas nos seguintes objetivos: fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero, redução de desigualdades, consumo e produção responsáveis e paz, justiça e instituições eficazes. O critério mais bem avaliado para nossa capital é indústria, inovação e infraestrutura.
Todos os índices são polêmicos e suas metodologias são criticadas por especialistas. Há sempre quem encontre uma limitação, uma generalização ou descompasso com a realidade. Tudo isso é totalmente normal, afinal índices são indicativos da realidade e não a realidade em si.
No entanto, metodologias à parte, fica explícito que Fortaleza precisa mudar bastante, e com rapidez tremenda, para suplantar as deficiências destacadas pelo IDSC até 2030. Alguns dos problemas apontados são publicamente conhecidos e se agravaram em virtude dos desdobramentos pandêmicos e do desastroso quadro econômico-político nacional.
Os bons e maus governantes, majoritariamente, adoram divulgar rankings quando estes são favoráveis. Contudo, os melhores gestores são aqueles que antes de desacreditar os índices, os analisam com cuidado e chamam para sua equipe experts capazes de trabalhar intensamente na melhoria dos indicadores precários.
E um último detalhe: problemas crônicos não se resolvem com políticas de governo, pelo contrário, é prudente uma visão de longo prazo. O segredo está na elaboração de políticas de Estado, duradouras e constantemente calibradas.
Quem ficou curioso em saber mais sobre o Índice e os ODS, indico o sitio eletrônico https://idsc.cidadessustentaveis.org.br/. Vamos Fortaleza, mãos à obra!