Fortaleza: reclamações de Ceni alertam para um elenco que não evoluiu

O ambiente se torna chato e até repetitivo. Só que faz parte da ambição do comandante

Legenda: Rogério Ceni se queixa que as opções para formação do elenco ficaram menores em 2020
Foto: Foto: Thiago Gadelha / SVM

Ano após ano, Rogério Ceni cobra publicamente a ausência de reforços no Fortaleza. O alvo muda, o discurso não. Seja carência de zagueiro, camisa 10, centroavante… Hoje, são atacantes de lado. Para um iniciante na profissão de técnico, o ex-goleiro se mostra exigente e até impaciente, mas sempre traz o alerta de evolução. Em 2020, o elenco retrocedeu.

A expressão é dura, mas precisa. O nível caiu? Não, as opções que diminuíram. Para a manutenção do sistema tático 4-2-4, uma invenção para vencer as poucas contratações de 2019, o comandante necessita de velocistas: material escasso com apenas Romarinho e Osvaldo.

As queixas são pelas perdas: Edinho, Matheus Alessandro, Felipe Pires e André Luís. Nomes sem reposição apesar da lista de oito nomes entregue por Ceni em dezembro, da qual o técnico alega que o clube não conseguiu contratar ninguém.

O ambiente se torna chato e até repetitivo. Só que faz parte da ambição do comandante, justamente o que o moveu aos títulos do Campeonato Cearense, Copa do Nordeste e vaga na Sul-Americana. Para as aspirações propostas, a manutenção da base não é suficiente.

Hoje, o Fortaleza se vê obrigado a mudar o estilo de jogo por falta de peças. Transição rápida, atacantes partindo para o um contra um e contra-ataque pelas laterais são marcas do time mais vitorioso dos 101 anos de fundação. Não ter a possibilidade de repetir o desempenho gera aflição, ainda mais com o acréscimo da expectativa.

Em fevereiro, por exemplo, uma partida diante do Independiente, da Argentina, não é prioritária, mas o teor histórico, o esforço do torcedor em assisti-la in loco e o ineditismo perante todo o futebol cearense clamam por uma boa apresentação.

“Sim, pressão perene, longe da Série A do Campeonato Brasileiro, o foco da temporada”. Só que existe pelo sabor da glória. O patamar da torcida tricolor é de conquistas e não há de se esperar menos após dois anos seguidos de troféus, recordes e crescimento.

As contratações devem vir já que o foco não é apenas manter uma posição, mas ascender. Sempre com respeito ao grupo de jogadores e a diretoria que permitiram tal salto de gigantismo.

Até lá, sigamos com críticas exaustivas e prolongadas de Rogério Ceni, um dos personagens mais competitivos do esporte nacional. A comissão técnica vai buscar soluções ao que se mostra ausente, faz parte. Como foi no empate com o próprio Vitória/BA, na estreia da Copa do Nordeste. Listo cinco pontos que chamam a atenção para um novo Leão.

1 - Manutenção de Felipe Alves
O goleiro foi veementemente acionado quando o Fortaleza não conseguiu vencer as linhas de defesa. Funcionando como o 11º da linha, colaborou com a posse e, ao acelerar a partida, permitiu que os extremos fossem utilizados pelos atacantes de lado. 

2 - Marlon de volante
No 2º tempo, com um Fortaleza mais cansado, o atleta deixou a ponta e rumou ao meio-campo para colaborar na contenção. O fôlego invejável o faz percorrer de uma área até a outra, o que o torna uma boa opção no setor, principalmente porque o time atuou também com Felipe e Juninho.

3 - Edson Cariús como falso 9
O centroavante estreou se mostrando disposto e bem fisicamente. Conseguiu ajudar na marcação e ainda se posicionou livre para um possível passe de Ederson no 2º tempo. Vale ressaltar que nos jogos treino, marcou três gols, então merece mais minutagem.

4 - Mariano Vázquez de camisa 10
O meia argentino ainda não mostrou o suficiente, mas apresenta qualidade técnica. Diante do Vitória/BA, entrou para ficar centralizado atrás da dupla Ederson e Cariús. Teve uma chance clara de gol, mas foi interessante pela movimentação, além de viradas de jogo. É algo a se projetar.

5 - Reforços futuros
Da lista, o principal é Michel, ex-Grêmio. O atleta atua como zagueiro, volante e lateral, o que o faz um coringa tático para Ceni. Hoje, tem espaço nessa equipe no 4-2-4 ou 4-3-3. O mesmo para Luiz Henrique, que chega como aposta, mas flutua bem entre ataque e defesa.

Confira o elenco do Fortaleza neste início de 2020

  • Goleiros: Felipe Alves, Marcelo Boeck, Wax Walef e Kennedy.
  • Zagueiros: Quintero, Roger Carvalho, Jackson, Paulão e João Paulo.
  • Lateral-esquerdo: Bruno Melo e Carlinhos.
  • Lateral-direito: Tinga e Gabriel Dias.
  • Volantes: Derley, Felipe, Juninho, Michel e Nenê Bonilha (+ Luiz Henrique, que ainda não se apresentou).
  • Meias: Marlon e Mariano Vázquez.
  • Atacantes de lado: Romarinho e Osvaldo.
  • Centroavantes: Ederson, Wellington Paulista e Edson Cariús.