Ceará e Fortaleza admitem redução na arrecadação de patrocínios em cenário de Covid-19

A diretoria do Vovô já foi procurada por patrocinadores, enquanto a do Leão deve ter rescisões

Legenda: Representantes cearenses na Série A tentam fechar acordos para manter patrocinadores
Foto: Foto: arquivo / SVM

O impacto do novo coronavírus é global e promete um colapso do sistema financeiro. Com a medida restritiva de isolamento - a mais eficaz na diminuição do contágio de covid-19 - as fontes de receita secam e não são repostas. Problema social de interferência direta nos clubes de futebol: Ceará e Fortaleza não têm garantias de verba com os patrocínios de 2020.

Diante da suspensão de torneios por tempo indeterminado, os times até conseguiram acordos para reduzir os salários dos respectivos elencos, mas a crise econômica promete se aprofundar com a prorrogação da ausência de jogos. E os patrocinadores são muito afetados na inatividade.

Ao ceder receita ou material aos clubes, a expectativa é obter a visibilidade da marca. Ação que perde força sem os jogos. Assim, a tendência é reduzir o investimento para também se resguardar neste período de entraves comerciais.

E apesar da saúde financeira ou qualidade como bom credor, o ciclo tende a ser o mesmo para os únicos representantes cearenses na Série A do Campeonato Brasileiro. No caso do Ceará, na verdade, as negociações até começaram.

"Alguns patrocinadores pediram para fazer um acordo e estamos negociando. Não tem nada definido. É natural que todos, nesse momento, pretendam mudar isso. Ninguém pediu cancelamento, querem uma negociação, permutas”, explica João Paulo, diretor financeiro do Ceará.

Com patrocinadores fechados para a temporada, o time projetava arrecadação mínima de R$ 9,5 milhões - quase 10% do orçamento de R$ 100 mi previsto pela diretoria, o maior da história do clube. Dentre as plataformas de manutenção de ganho fixas há lotéricas, sócio-torcedor e cotas de TV.

O cenário de restrição financeira é similar no Fortaleza. O clube não notificou nenhum solicitação de reajuste, mas trabalha internamente para permitir um plano de equilíbrio fiscal mesmo com rescisões.

“Não tivemos nenhum pedido oficial (de rescisão). Existe a tendência, é algo natural. Superamos março, estamos em abril e temos projeto para o fim do mês, mas fica a incerteza, é quase certo que vamos renegociar. Tentaremos mantê-los porque, sem jogo, faz parte das receitas garantidas que temos, como o sócio-torcedor”. Todo dia precisamos pensar no que fazer”, aponta Maurício Guimarães, diretor financeiro tricolor.

A arrecadação mínima estipulada pelo Fortaleza junto aos patrocinadores obtidos era de R$ 8 milhões - parte considerável no também orçamento recorde do clube: R$ 109 mi. O cálculo envolve ainda cotas de auxílio da Prefeitura de Fortaleza e do Governo do Estado do Ceará, que tinham distribuição de montante estimado em R$ 3,2 mi tanto para o Leão como para o Vovô.

Cenário nacional

O panorama é duro para o restante da temporada e se estende aos gigantes do futebol nacional. No Rio de Janeiro, a empresa Azeite Royal suspendeu contratos com os quatro principais times do Estado (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco) em negociação que movimentava R$ 8,5 milhões.

Maior patrocinadora do futebol brasileiro, a Crefisa também estuda novos moldes de parceria com o Palmeiras. Por ano, o time arrecadava R$ 81 milhões, valor que deve ser abatido.

Sem partida, público ou competição, o momento requer criatividade até a pandemia mundial de covid-19 ser controlada. São ajustes para garantir um futuro em 2020.