Bastidores do Clássico-Rei têm tensão com VAR, comemoração de Tinga e festa tricolor

Na 1ª partida da final do Campeonato Cearense, os presidentes Robinson de Castro e Marcelo Paz acompanharam o jogo no Setor Premium da Arena Castelão, dessa vez, como torcedores

Legenda: Tinga comemorou próximo do banco de reservas do Ceará e acirrou o clima em campo
Foto: Thiago Gadelha / SVM

O Clássico-Rei em essência é uma decisão. Na última quarta-feira (30), de fato, o duelo entre Ceará e Fortaleza marcou a abertura das finais do Campeonato Cearense 2020. E se o público esteve impedido de acompanhar a partida direto da Arena Castelão, as duas diretorias, no Setor Premium, trataram de assumir o papel do torcedor. Vazio, o jogo foi ‘cantado’ da arquibancada.

Os bastidores, inclusive, são repletos de tensão. Era notório o desejo de vitória de cada lado, a taça está no planejamento estratégico de Vovô e Leão - o que explica uso de força máxima no Estadual. Logo no início do aquecimento, por exemplo, o presidente tricolor Marcelo Paz foi a campo com os jogadores e marcou presença antes de ocupar o papel de torcedor.

Do lado alvinegro, o mandatário Robinson de Castro chegou minutos antes da bola rolar. A dupla esteve acompanhada de membros do departamento de futebol e demais funcionários dos clubes. A concentração se manteve durante os 90 minutos, com momentos de efervescência.

“Vocês estão no jogo, car****. Isso é final. Bora acordar”, gritava Paz. O dirigente se manifestava em todos os momentos, desde um desarme de Paulão ou passe errado de Juninho. A postura era mantida pelo grupo leonino, com apoio e palmas  a cada ação. Nos lançamentos para Osvaldo, até ameaçou se levantar como a torcida, mas hesitou: não havia ninguém na frente, era o impulso.

Logo de lado, vizinho, ouvindo tudo, estava a comitiva do Ceará. Robinson parecia mais exigente como torcida, as principais manifestações surgiam de nomes como João Paulo, diretor financeiro. O mandatário assistia com atenção e lamentava muito as chances desperdiçadas, principalmente a de Fernando Sobral no 1º tempo: desespero e mãos na cabeça. “Não pode perder assim”, reclamou.

As comemorações nos gols do 1x1 na etapa inicial surgiram como descarga para o estresse do jogo. O Ceará esteve melhor antes do intervalo, o que fez o tento tricolor surgir como alívio e também preocupação. “Foi Bruno e Pacheco? Meu Deus. Cabeça com cabeça? Tem o lance aí?”, questionava Daniel de Paula Pessoa, diretor de futebol do Fortaleza.

No lance em questão envolvendo Bruno Melo e Bruno Pacheco, ambos substituídos, o momento foi de agitação geral. O médico do Vovô, Joaquim Garcia, que acompanhava o jogo das tribunas, correu ao campo para prestar atendimento: Pacheco recebeu pontos e assistiu ao duelo na arquibancada.

Nos acréscimos, o empate com Sobis chegou com muita vibração. “Aqui é Ceará, po***. É Vozão”, falavam entusiasmados. A resposta era pela atuação consistente e o placar mais justo. Na ida para o intervalo, enfim, Paz e Robinson se cumprimitaram em sinônimo de respeito.

Reclamação e festa tricolor

No 2º tempo, a partida caiu de ritmo, mas o apoio se manteve na arquibancada. O momento de acirramento do clima entre os dirigentes foi aos 31: quando o árbitro Marcelo de Lima Henrique (RJ) foi consultar o VAR em suposto pênalti ao Fortaleza.

A sinalização de falta de ataque ao invés da penalidade foi quase um gol para os alvinegros, que contestaram muito até a indicação de falta. Os mais entusiasmados, inclusive, pronunciaram palavrões com a comitiva tricolor presente.

A resposta da euforia veio exatamente no gol de Tinga, reta final. Os poucos presentes fizeram muito barulho, extravasaram mesmo e gritaram inúmeras vezes: “Aqui é Fortaleza, isso é Fortaleza”. No primeiro Clássico-Rei, a festa terminou leonina. Apesar do clima de rivalidade, o respeito reinou entre os dirigentes. Robinson fez questão de ir aos gestores rivais e falou com Paz mais uma vez na saída.

Nuances do dentro de campo

  • Vina nervoso: o meia do Ceará estava muito tenso em campo. Por vezes, discutiu com Sobis e foi até chamado por Guto Ferreira: “De novo? Concentra no jogo, cara”. Samuel Xavier e Tiago Pagnussat também conversaram com o atleta pedindo mais concentração.
  • Gol de Tinga: o lateral do Fortaleza comemorou o gol próximo do banco adversário e de modo mais entusiasmado ao passar por Guto Ferreira - o lance não foi sentido na arquibancada. No fim, Ceni tentou cumprimentar o técnico alvinegro, não conseguiu, e se desculpou com elenco do Ceará.