O futebol no infidável espiral da pandemia

Aumento de casos de novas infecções pelo novo coronavírus começa a impactar os principais países da Europa. No Brasil, a pandemia parece estar longe de acabar. No meio disso, o futebol seguirá firme?

Legenda: Real Sociedad e Real Madrid se enfrentaram no fim de semana pelo Campeonato Espanhol
Foto: Ander Gillenea/AFP

A Espanha parece estar enfrentando uma nova onda do novo coronavírus. Desde o início, não houve um dia no qual uma pessoa não se contaminasse em solo espanhol, é bem verdade. Mas havia um número pequeno de casos (e, consequentemente, mortes) entre maio e julho. Mas, com a abertura e o descumprimento das normas sanitárias, os espanhóis vislumbram uma nova escalada da doença.

No último fim de semana, foram mais de 31 mil novos casos de Covid e 168 mortes.

Madri está fechada de novo em diferentes zonas para tentar conter a doença. É o novo epicentro da Covid-19 no País. A questão que se levanta é: o futebol voltará a ser impactado? O Campeonato Espanhol voltou agora. E os jogos? Seguem no modelo de portões fechados? É possível que saibamos lidar com o coronavírus a ponto de seguirmos com as partidas de futebol sem que deixemos um rastro de infecções? É um questionamento muito pertinente porque, desde que o futebol voltou, sempre vemos casos sendo confirmados.

Legenda: Gráfico produzido pelo jornal El País mostrando a curva de crescimento da Covid-19 na Espanha
Foto: El País

A pergunta sobre o futebol é igualmente pertinente porque o vírus vem se alastrando novamente também por França, Reino Unido, Itália e Alemanha, só para citar as principais potências. Israel, considerada exemplo até dias desses, está em seu segundo lockdown. O problema, me parece, não está bem na flexibilização, mas sim, no desrespeito que as pessoas nutrem pelas normas sanitárias. Na Espanha, objeto central desse nosso artigo, o descaso com o isolamento social e o uso de máscara se intensificou nos últimos meses. Coincidentemente, foi aí que a onda de novos casos foi ganhando forma.

Legenda: Arte com o aumento gradual de mortes desde a reabertura na Espanha
Foto: El País

É a naturalização da pandemia que vem tomando conta de todos nós. Os primeiros casos no Brasil causaram tanto terror que um simples alcool em gel passou dias e dias em falta. No entanto, hoje convivemos bem com uma média de 700 e poucas mortes por dia. Já convivíamos quando era mais de 1000.

Aqui, no Brasil, casos de Covid-19 em jogadores de futebol se tornoui coisa corriqueira. Nesse fim de semana pelo qual passamos, 12 jogadores do Guarany de Sobral contraíram a doença. O jogo foi adiado em cima da hora. O adversário, o Salgueiro, viajou 10 horas até Sobral sem saber se jogaria. E não jogou. Mas, pelo menos, não correu risco de ter jogadores contaminados. Pelo menos, não pelo jogo.

Legenda: Guarany de Sobral teve 12 jogadores infectados com Covid-19
Foto: Amaral Torquato/Guarany de Sobral

E, se a gente está discutindo a retomada de casos e mortes por Covid-19 na Europa, será que o mesmo fenômeno chegará ao Brasil nos poucos meses que temos até o fim do ano? Não dá para falar com certeza 100%. Mas é fato que há indícios que nos deixam de orelha em pé. No Amazonas, que ainda está em baixa de casos, já há um pequeno aumento de casos. Rio de Janeiro e São Paulo já apontam para caminho semelhante.

Aprendeu-se a lidar melhor com a doença ou iremos ficar em um eterno espiral até que uma vacina fique pronta?

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