O ambiente que nos abriga

Mais de dois meses passados do início de uma série de queimadas descontroladas na região Amazônica e em outras áreas ambientalmente sensíveis, como o Cerrado Matrogrossense e o Cariri Cearense, e as autoridades federais ainda batem cabeça sobre as responsabilidades dos atos criminosos - ou, pior, tentam escamotear as labaredas, como se fosse possível fazer isso sem um julgamento severo do resto do mundo. 
Mais de um mês após o surgimento de grudentas manchas de óleo em praias de todos os estados nordestinos e as autoridades federais ainda não têm a menor pista sobre quem teria cometido mais esse grotesco atentado. 
Poucos dias atrás, o ministro do Meio Ambiente gastou tempo e verba indo à Alemanha, tentando preservar dinheiro externo para projetos da área em que atua, tendo voltado de mãos abanando. 
A que ponto se pode chegar? É possível e honesto atribuir a adversários as considerações negativas? Uma autocrítica não seria um auspicioso sinal de boa vontade, de responsabilidade e de maturidade? 
Lembremo-nos, pois: o papa Francisco usou da autoridade política-espiritual-religiosa que detém para, em nome da humanidade, lembrar que a precisão maior é do “fogo do amor de Deus”, que não é devorador, que não destrói “povos e culturas”. 
Essa observação de Francisco é, vamos deixar assim, antagônica a uma do presidente Jair Bolsonaro. O eleito pela maioria dos brasileiros para cuidar dos interesses das gentes e do Estado disse que “o interesse na Amazônia não é no índio, nem na p... da árvore. É no minério”. 
Há, como se percebe, essências distintas - fiquemos, cada qual e com base nos juízos que temos condições de fazer, com a que melhor nos aprouver. 
Afinal, resta-nos, de todo modo, tristemente bater as cinzas dos nossos antes verdejantes patrimônio natural e, no Nordeste, esfregar os pés para tirar o pretume do piche que suja e mata.