Uece trabalha parcerias para ampliar serviços de atendimento a animais

Além de projetos já existentes, a universidade está propondo a criação de um laboratório dentro do Parque do Cocó

Foto: Arquivo/SVM

Durante a abertura da Semana Estadual de Proteção Animal, no último domingo, no Parque do Cocó, a Universidade Estadual do Ceará revelou novas iniciativas que deverão integrar ações em defesa da fauna e da flora no estado. A ideia é estabelecer parcerias com várias instituições que trabalham com essa temática.

A Uece já desenvolve uma trabalho reconhecido nessa área. Basta citar o atendimento que é feito diariamente a cães e gatos no seu hospital veterinário. Mas a reitora, professora Josete de Oliveira, observa que outros serviços também estão disponíveis e cumprem importantíssimo papel nos cuidados com animais domésticos em situação de vulnerabilidade. É o caso, por exemplo, do acompanhamento aos animais que são abandonados nos limites da universidade estadual. Animais que recebem a atenção dos profissionais da Uece. A iniciativa foi batizada de Programa de Convivência com Animais em Situação de Abandono.

Segundo a professora Josete de Oliveira, o Campus do Itaperi, por ser imenso, é considerado pela população do entorno, e também por pessoas que moram distante, como um lugar de despejo de animais. Com a implantação do Programa de Convivência com Animais em Situação de Abandono, passou a ser realizado um trabalho educativo e de cuidados com os animais atendidos pelo projeto. Os cuidados vão desde a vacinação, medicação, castração, às campanhas de doação e  assistência à saúde.

“É um programa que exige muita educação, formação, inclusive, para nós da comunidade. As pessoas insistem em alimentar com comida que trazem de casa, ou com ração, qualquer ração. Às vezes é a ração do cachorro que é dada para o gato, do gato que é dada para o cachorro. Então estamos nesse desafio. Mas já temos bons resultados em relação a isso” diz a reitora da Uece.

O programa já tem quase uma década e as populações de animais foram se modificando de acordo com o tempo. “Nós tínhamos muitos cachorros, depois os cachorros sumiram e aí vieram os gatos. Os gatos agora estão em menor número por conta das doações e castrações e voltamos a ter uma população de cachorros, principalmente, durante a pandemia”, confirma a reitora que vem acompanhando com atenção essa alternância na população de animais domésticos abandonados dentro do Campus do Itaperi.

Fazenda

Mas além do Hospital Veterinário e do Programa de Convivência com Animais em Situação de Abandono, a Universidade Estadual do Ceará, tem inúmeras pesquisas na área do meio ambiente. Algumas no Parque do Cocó e em várias outras regiões do estado. A reitoria da Uece vem conversando com a Secretaria do Meio Ambiente para colocar também à disposição a  fazenda em Guaiúba, que é uma fazenda experimental. O trabalho seria realizado não só com animais domésticos, mas com outras espécies da fauna e da flora. “Nós estamos tentando agora fazer um termo de parceria entre diversas instituições”, garantiu a professora Josete de Oliveira.

A fazenda já funciona há bastante tempo, agora a proposta da Universidade Estadual do Ceará é promover uma parceria entre a gestão da fazenda Guaiúba com a gestão do Hospital Veterinário, a Secretaria do Meio Ambiente, Polícia Ambiental, OAB e muitas outras entidades para pensar a questão dos abrigos. A reitora da Uece reforça que “lá não seria só um abrigo, seria também um local para a recuperação desses animais e para a reintegração nos seus habitats naturais”. 

Laboratório

A Uece também deverá levar à Secretaria do Meio Ambiente outro projeto arrojado: a criação do Laboratório de Monitoramento e Proteção Ambiental. A proposta é instalar um grande laboratório vivo, inclusive, com instalações de observatório onde serão realizadas pesquisas dia e noite,  integrando profissionais das mais diferentes áreas. “Pessoal que trabalha com fauna, com flora, com solo, com água, com ventos. Um trabalho integrado. Articulando ciências e, principalmente, as instituições” revelou a reitora da instituição de ensino superior. Josete de Oliveira informou o laboratório será um espaço de trabalho para profissionais da universidade estadual, da universidade federal, do Ministério de Ciências e Tecnologia, das secretarias do meio ambiente e a Secitece.

No caso dessa proposta a Uece já fez uma apresentação ao secretário do meio ambiente que está agendando uma reunião com o núcleo gestor do Parque do Cocó. “É uma coisa muito inicial ainda, mas dada a experiência dessas diferentes instituições que estão envolvidas tudo nos leva a crer que vai dar certo” disse Josete de Oliveira

Abrigos

Os projetos da Universidade Estadual do Ceará foram citados durante a solenidade de abertura da Semana de Proteção Animal conduzida pela Secretaria do Meio Ambiente. Na oportunidade, o secretário Artur Bruno, comentou o que hoje é considerado um dos maiores gargalos para a proteção de animais silvestres e domésticos no estado: a falta de abrigos.

No primeiro caso, segundo o secretário, o estado precisa de Centros de Tratamento de Animais Silvestres. “Hoje nós temos o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres do Ibama, em Fortaleza, que não está mais recebendo animais. Nós precisamos fazer com que esse Cetas se amplie, inclusive, fizemos uma proposta ao governo federal, para o governo estadual assumir o Cetas do Ibama, porque nós temos condições de ampliar, melhorar mais ainda esse atendimento. E também há um projeto da Semace em andamento de criar um Centro de Tratamento de Animais Silvestres na cidade do Crato que atenderia toda aquela região Sul e Centro-sul”, confirmou Artur Bruno.

Artur Bruno também falou sobre a proposta de instalação de um laboratório vivo dentro do parque do Cocó. “O laboratório ambiental da Uece dentro do Parque Estadual do Cocó dará uma grande contribuição a essa floresta imensa que nós temos dentro da cidade e que poucos conhecem. Com certeza, as pesquisas da Uece darão maior conhecimento do que temos de fauna, de flora, de possibilidades ambientais. O que é que gera de bem para a cidade a existência de uma floresta em relação a nossa população”, afirma o secretário.