Instituições elaboram relação de animais silvestres ameaçados de extinção no Ceará

No Brasil temos cerca de 1.173 espécies de animais sob risco de extinção.

Legenda: Anablepsoides cearensis habita a bacia do rio Mundaú e é considerado em nível crítico de ameaça de extinção
Foto: Sérgio Maia Queiroz Lima

A Semana de Proteção Animal no Ceará foi lançada no dia dedicado a São Francisco. Data marcada pela fé. Afinal, o santo é reverenciado na igreja católica como protetor dos bichos. E também pela ciência. É no dia 04 de outubro que se celebra o Dia Mundial dos Animais e as ações em proteção e defesa dos seus habitats se espalham por todos os continentes. Ações despertadas pelos projetos de preservação das espécies, principalmente, aquelas ameaças de extinção. Aqui, o ano passado foi dedicado a uma programação voltada para a fauna doméstica. Este ano, as reflexões apontam para a fauna silvestre. E há motivos de sobra para uma grande preocupação.

Entre os mais diversos temas abordados durante a semana, destaque para a elaboração da Lista Vermelha da fauna ameaçada do Ceará que está sob a responsabilidade do Programa Cientista-chefe que inclui diversos estudos sobre a realidade do meio ambiente no estado. As ações começaram com a apresentação do Plano Costeiro. 

Agora é a vez da compilação de dados, alguns deles já existentes, sobre a nossa fauna. Desde a sua distribuição em nosso território até a situação das espécies ameaçadas. E não só na costeira como adianta o professor Marcelo Soares, coordenador do programa: “A gente vai fazer essa análise em todo o estado do Ceará. Não é só na zona costeira. Tem a região de caatinga, nossas serras, nossas chapadas que a Chapada do Araripe e Chapada da Ibiapaba. Então a gente vai analisar todas as espécies para dizer olha! Essa daqui está vulnerável, essa daqui está em extinção!” explica Marcelo Soares.

Segundo o cientista-chefe do Ceará, a ideia é usar a força que já existe. A força das universidades e das ONGs. Grupos e pessoas que trabalham aves, mamíferos, anfíbios, répteis, e peixes há mais de 20 anos. Os especialistas então vão juntar todas essas informações, cruzar os dados e discutir com a sociedade para organizar essa lista.

Espécies ameaçadas

Atualmente, já existe uma lista nacional. No Brasil temos cerca de 1.173 espécies de animais sob risco de extinção. O bioma com mais espécies sob risco é a Mata Atlântica que tem quase a metade das espécies ameaçadas. Por ordem a maioria está em peixes continentais (310), depois aves (233), invertebrados terrestres (233), mamíferos (110), peixes marinhos (98), répteis (80), invertebrados aquáticos (66) e anfíbios (41). 

Os especialistas pela elaboração da Lista Vermelha do Ceará vão pegar essas informações e adaptar ao nosso contexto, porque às vezes um animal pode estar numa situação muito ruim em outro estado e no nosso estar bem, ou o contrário. “Nós temos já algumas pré-listas tanto de peixe quanto de mamíferos, de aves., de répteis e anfíbios. Peixes de água doce e marinho. Nós vamos fazer esse trabalho durante dois anos. Em seis meses entregar algumas, depois mais seis meses entregar outra. A lista de mamíferos já está adiantada”, diz Marcelo Soares.

Legenda: Rhinella casconi vive nas matas úmidas da Serra de Baturité e é considerado como animal 'vulnerável' na classificação de ameaça
Foto: Igor Joventino Roberto

Os trabalhos estão em andamento. Essa semana houve uma reunião com o IPECE e há a  possibilidade de usar um sistema, o Ceará Mapas Interativos, que já tem dados sobre a economia,  indústria e infraestrutura. Agora seriam incluídos mais dados sobre o meio ambiente. O Programa Cientista-chefe pretende entrar com as informações sobre a fauna. 

Rede de Proteção Animal

Além do mapeamento das espécies ameaçadas de extinção é preciso adotar providências para salvar, de fato, esses animais. Nesse caso, interação e integração são palavras que se unem nessa luta pela preservação das espécies. Em 2019 foi instituída a Rede de Proteção Animal que conta com a participação de vários órgãos.  “É um trabalho de formiguinha que a gente sabe que não dá para fazer sozinho”, diz Thaís Câmara Tavares, coordenadora de proteção e defesa dos animais da Secretaria do Meio Ambiente. Para ela um dos principais gargalos, na verdade o maior deles, é encontrar locais para onde os animais em situação de risco possam ser levados. “A delegacia faz a apreensão. Mas aí vem a questão: o que fazer com os animais que são resgatados? No momento não tem. A gente conta com a parceria das ONGs, mas elas estão lotadas. Então é nesse ponto, nesse foco que agora a gente tem que atuar como grupo de trabalho”, ressalta Thaís. 

Cadastro estadual

A Secretaria do Meio Ambiente do estado anunciou que está lançando um cadastro para as Organizações Não Governamentais que são ligadas à questão da proteção animal no Ceará. A instituição que quiser se inscrever pode acessar o site da SEMA e a partir dessa inscrição, ela recebe uma declaração a reconhecendo como uma ONG de proteção animal. Assim, essas ONGs podem  participar de vários projetos do estado como, por exemplo, o programa Sua Nota tem Valor da SEFAZ. Para a coordenadora de proteção e defesa dos animais da SEMA, Thaís Câmara Tavares, “esse é um trabalho que ainda está em construção e está sendo construindo a várias mãos”.

 

 



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