Um País imaginário

Gosto muito de ler os textos filosóficos de Esopo e La Fontaine. São fábulas que permitem entender o bem e o mal, o certo e o errado, ideias construtivas e destrutivas, dentre outros pontos. Assim, apresento-lhes a fábula de um país imaginário, chamado FLORAL. Esse país possui um território, relativamente pequeno, mas com muitas riquezas naturais. Sua população é formada por leões e ovelhas, apenas. Os leões, pela força, dominam de forma cruel e injusta as pacíficas ovelhas.
Estas são verdadeiras escravas. Nada podem fazer contrariando os leões, pois, mesmo elas estando certas, são castigadas e muitas vezes eliminadas. Pobres ovelhas. A perspectiva em FLORAL é a de que o autoritarismo leonino perdure por muito tempo pois eles têm o controle dos poderes constituídos, das forças de combate (oficiais e não oficiais), da grande maioria dos meios de divulgação etc, o que permite um controle temeroso sobre a população do país FLORAL.
Os líderes leoninos sempre dizem: essas ovelhas têm muito medo de nós, pois possuem receio de retaliação e, ainda mais, são omissas por conveniência. Por outro lado, os leões conseguiram, com certas ovelhas más, que elas fizessem uma oposição consentida para dar uma certa conotação democrática. Pobre FLORAL. A única preocupação política da casta leonina é a possibilidade de apoios interesseiros. No entanto, começou uma reação por parte da maioria do rebanho de ovelhas.
Elas pensaram e resolveram conquistar, de forma pacífica, o poder dos leões. Diziam elas: é muito difícil, porém vamos tentar. Mediante palestras, reuniões, comentários nos poucos veículos de comunicação, lutavam por eleições visando a administração do país. Com receio de descontentamento da grande maioria do rebanho e da repercussão externa, os líderes da alcateia resolveram e aceitaram a realização de eleições livres. Tanto o rebanho de ovelhas como a alcateia de leões foram as urnas. A vitória das ovelhas ocorreu por larga margem. Moral da fábula: Nunca despreze a força dos pequenos quando eles se unem.
Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC