Um Farol para os 200 anos de Brasil

Caminhamos para o bicentenário da Independência do Brasil, em 2022. Aqui, no Ceará, o maior símbolo desta época histórica segue em pleno abandono e descaso por parte do poder público. Refiro-me ao Farol do Mucuripe, patrimônio tombado do povo cearense desde a década de 80 e cantado em verso e prosa por vários artistas de nossa terra, como na canção Terral.

A ideia da construção de um farol na ponta do Mucuripe nasceu junto com a consolidação de nossa independência, em 17 de agosto de 1826; portanto, menos de quatro anos após o Grito do Ipiranga, em 1822, com a aprovação do Plano do Farol do Mucuripe, por Dom Pedro I.

Com traços arquitetônicos em estilo barroco, o farol permanece em pé como um guardião de nossa história, em uma localização que, por si só, já era mencionada em relatos de navegantes ibéricos desde o Século XV.

No entanto, sua imagem atual é símbolo do descaso do poder público. Em julho do ano passado, surgiu um movimento espontâneo da sociedade civil de Fortaleza, capitaneado pela Associação Profissional dos Geógrafos do Ceará, denominado "Abrace o Farol do Mucuripe", que busca a restauração desse ícone de nossa terra, com a implantação de uma Mapoteca Digital em suas dependências, dando uma funcionalidade científica, histórica e cultural a partir do resgate de um rico acervo de mapas seculares das terras cearenses, que se encontram espalhados em instituições e museus no Brasil e no exterior, como nos Arquivos Históricos Ultramarinhos de Portugal e no Archivum Romanum SocietatisIesu, em Roma.

Esse ano, em função do Decreto Estadual que proíbe aglomerações, o abraço ao Farol será realizado de forma virtual, com uma transmissão ao vivo do local no próximo dia 29 de julho, quando o mesmo completará 149 anos de inauguração do seu luzeiro giratório. O nosso apelo é para que você também abrace essa causa de resgate das nossas raízes.

Cândido Henrique
Geógrafo e presidente da Associação Profissional dos Geógrafos do Ceará