Um Ceará antirracista é possível

Escrito por Érika Amorim , dep.erikaamorim@gmail.com

Legenda: Erika Amorim é deputada estadual
Foto: José Leomar

O primeiro semestre de 2021 ainda nem chegou ao fim, mas já celebramos momentos marcantes. O mês de março, por exemplo, foi especial para o Ceará. Nós, que somos o primeiro estado a abolir a escravidão no Brasil, dispomos, desde então, da lei que reserva 20% das vagas em concursos públicos estaduais para negros. 

A Lei Estadual 17.432, sancionada pelo governador Camilo Santana este ano, busca a equidade social entre a população negra e a população branca (seja em cargos públicos, concursos ou universidades, por exemplo). Vivenciar as políticas públicas de inserção é fundamental para a luta contra a opressão racial. 

O protagonismo da luta contra o racismo é da população negra em todas as esferas sociais. Mas nós, que nos reconhecemos brancos, podemos (e devemos) ser aliados importantes. O primeiro passo para isso é reconhecer o quanto essa estrutura em que vivemos nos beneficiou até hoje. 

Entendo que políticas públicas de cotas e inserção não são favores. É o reconhecimento do direito de uma população que foi expropriada e abusada durante anos e anos. 

Entender a profunda desigualdade racial no Brasil é um dever cidadão. As diferenças e privilégios de raças são perceptíveis no ambiente escolar, nos concursos, nas repartições... Algo que tem reflexos graves, como na renda e na expectativa de vida da população negra. 

A escola, por exemplo, pode e deve ser um espaço de desconstrução para nossas crianças a partir, também,  da presença das narrativas negras com toda sua força. 

É necessário exercer uma educação antirracista, o que significa que esta dimensão deve atravessar o currículo, formação docente, gestão e metodologia de ensino. 

É preciso romper com os ideais de beleza, de competência, de inteligência associados à cor da pele. Esse preconceito é percebido, sobretudo, na hora de escolher um candidato a uma vaga de trabalho. 

O racismo é uma ideia moral. Por isso, é nossa responsabilidade lutar contra isso. O primeiro passo para essa reconstrução e reparação histórica já foi dada no Ceará!

Érika Amorim
Deputada estadual 

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