Três prosas poéticas

Escrito por Gonzaga Mota , luizgmota@yahoo.com.br

Apresentamos, a seguir, três prosas poéticas, sem rima e sem métrica, mas para que possamos refletir sobre a vida. 1_ PARADOXOS DA VIDA (para pessoas insensíveis): Dá mais pena uma pessoa poderosa e corrupta na cadeia, que um mendigo vivendo debaixo de um viaduto. É mais triste uma velha senhora milionária morando sozinha no Leblon, que uma viúva sem nenhum recurso, abandonada com filhos no sertão nordestino. A dor é maior ao retirar uma verruga do rico, que amputar, a frio, a perna de uma criança indígena. Constrange mais um empresário ser barrado no restaurante, por falta de mesa, que uma família de retirantes não ter comida. Revolta mais a lancha para lazer enguiçar no mar de Búzios, do que a jangadinha do pescador cearense virar pela força do vento. Dá mais raiva a falta de chope gelada o no bar, que a escassez de água potável para beber no lar. É mais grave não orientar no trânsito o homem do carro de luxo que o trabalhador montado em sua velha bicicleta. É mais melancólico o velório de um cidadão importante, do que sepultar uma criança que morreu de fome. Pior é a falta dos cremes de beleza para uma madame, do que a farinha d’água para a sertaneja. É mais interessante um brinde com champanhe numa festa, do que beber um pouco de café acompanhado com rapadura. Enfim, infelizmente, a vida é assim! 2_ MENTECAPTO (para pessoas surreais): Ouço a luz do sol nascente. Vejo o aroma dos pássaros. Entendo o cantar de uma flor. Sou louco! Abraço a triste solidão, desprezo a alegre amizade. Ando em busca do mal, rejeito as pessoas do bem. Penso em coisas deploráveis, esqueço as atitudes amáveis. Procuro apenas ser servido, não almejo ajudar o próximo. Sou alienado, surreal, kafkiano... Reflito e ajo de forma contestável. Talvez muitos sejam como eu, muitos. É lamentável! A única cura, sem dúvida; seria, com fé, seguir os ensinamentos de Deus. 3_ FAMÍLIA (para pessoas que buscam o amor): Continuo procurando o melhor caminho, aquele que nos dê paz e tranquilidade. Eu e a família, num mesmo ninho, com certeza, viveremos com amizade. O afeto decorre da sincera união, sem ódio, sem inveja e sabendo perdoar. Nunca podemos esquecer a compaixão, sentimento maior para Deus se adorar.

Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024